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INOVAÇÃO
esteira para ser usada no trabalho.

O olho na balança deixou de ser uma preocupação individual para se tornar um problema institucional. Pelo mundo afora, estão sendo realizadas iniciativas para fazer com que os funcionários percam alguns quilinhos e melhorem sua saúde. Algumas propostas são ousadas, como a implementada por pesquisadores da Clínica Mayo, nos Estados Unidos. Em um projeto piloto, os cientistas transformaram uma empresa de Minneapolis em um escritório “diet”. Dezoito funcionários participaram como voluntários e incluíram na rotina atividades um tanto inusitadas, como andar em uma esteira enquanto liam seus e-mails – o equipamento foi adaptado para a colocação de um laptop e telefones e hoje já está sendo comercializado. Também trocaram a mesa de reunião por uma área para caminhada criada especialmente para a atividade. Além disso, também foram orientados a atender telefonemas em pé. Ao fim de seis meses, os participantes, no total, estavam 71 quilos mais magros.

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INOVAÇÃO
Fernanda comemora emagrecimento

A aposta, como explica o pesquisador James Levine, responsável pela experiência, é aproveitar o longo período de tempo gasto no trabalho para incentivar as pessoas a se mover mais enquanto cumprem suas atividades. O outro foco proposto para a mudança é a alimentação. “A pessoa precisa encarar a comida como um combustível, e não como um passatempo”, diz Levine, criticando um hábito comum nos dias de hoje, que é o de comer sem ter fome, simplesmente porque se tem alguma guloseima à mão.

É nessa linha, mas sem tanta tecnologia, que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, tem concentrado seus esforços. Após a constatação de que 43% das mulheres e 55% dos homens do órgão estavam acima do peso, foi criado o STJ de Olho na Balança. O programa está conseguindo deixar a repartição pública mais enxuta. Foram 553 quilos a menos em 2008 e, nas três primeiras semanas da iniciativa em 2010, outros 158 quilos perdidos.

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EXPERIÊNCIA NOS EUA,
projeto da Clínica Mayo criou uma pista para caminhada
dentro de uma empresa em Minneapolis

O primeiro passo é pesar os funcionários e estabelecer a meta de emagrecimento. “Eles devem perder 5% do peso total”, diz o nutricionista Aldemir Mangabeira, da instituição. Com o objetivo traçado, as pessoas são orientadas a usar uma tabela disponível na intranet para calcular as calorias consumidas por dia e ver se há exageros nas refeições. Também pela intranet, os funcionários podem acessar pequenos vídeos com dicas de como manter a saúde e emagrecer. Tudo isso com o reforço de outra medida, mais antiga, de aposentar as frituras do cardápio da instituição.

O engenheiro ambiental Milton Hoffmann, um dos quase 300 funcionários do STJ a aderir ao programa neste ano, credita às tabelas boa parte do êxito. “Elas ajudam a controlar quanto estamos comendo”, diz. Hoffmann, que também trocou o elevador pelas escadas e perdeu 3,2 quilos desde o início de maio. A técnica judiciária Fernanda Carvalho manteve o peso desde o último ano. “Segui a dieta e comecei a fazer atividades físicas. Não fiz nenhuma restrição alimentar”, conta ela, que em dois meses passou de 68 quilos para 60 quilos distribuídos em 1,60 metro.

A redução de peso incentivada pela empresa é favorável para os dois lados. “Funciona muito mais do que se você tentar sozinho. Como a pessoa fica de oito a dez horas do dia no trabalho, esse ambiente passa a ter um papel fundamental no incentivo ao emagrecimento”, analisa a endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. E muitas vezes o que falta às pessoas é justamente o estímulo para mudar o estilo de vida. É o caso de Suzana Poli, diretora de conta da agência de publicidade DM9, de São Paulo. Ela participa do Pegando Pesado, programa de redução de peso da empresa. Duas vezes por semana, treina corrida, que complementa com algumas horas de malhação. No fim do mês, quem paga a conta da academia é a agência. “Estou quatro quilos mais magra.”

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Com o aumento do número de obesos em todo o mundo, estar acima do peso ganhou uma dimensão diferente. “Temos de olhar para a obesidade como um problema de saúde pública e, por isso, de todos nós”, considera a médica Maria Lúcia Bechara, líder de serviços de saúde da empresa Dow Brasil. A corporação é referência no acompanhamento da saúde de seus funcionários, realizado por meio de consultas médicas e do incentivo à prática esportiva e à alimentação saudável. “No geral, o que se calcula hoje é que, a cada US$ 1 investido na saúde do funcionário, a empresa tem US$ 6 de retorno”, diz Maria Lúcia. Dentre os fatores de economia estão planos de saúde mais baratos e menos faltas ao trabalho.