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EM OBRAS
O Mineirão vai coletar água de chuva, usar energia
solar e ganhar depósito de recicláveis

Nesse universo cheio de selos que é o da sustentabilidade, a cidade canadense de Vancouver conquistou o de “primeiros jogos de inverno verdes” no começo deste ano. Por problemas estruturais, a África do Sul não tem como colar um selo parecido na Copa de daqui a pouco. Por conta disso, está aberto o caminho para que o Brasil entre em campo no Mundial de 2014 já com um título, o de “primeira Copa sustentável”.

Apesar dos atrasos nas obras, quem põe a mão na massa da construção ambientalmente correta se anima com a possibilidade de o verde ir muito além do gramado na Copa brasileira. Primeiro porque a Fifa não obriga, mas recomenda o respeito ao ambiente. O ministro do Esporte, Orlando Silva, entendeu o recado e, no final de abril, assinou acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para desenvolver uma agenda sustentável até o Mundial. Medida louvável, mas tardia. Se dependessem disso para o pontapé inicial nas obras, nossos estádios ficariam sustentáveis, com certeza, mas só na Copa de 2018.

“O processo para a obtenção de uma certificação internacional de sustentabilidade começa na escolha do terreno”, lembra Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil. Braço de uma associação que tem sede no Canadá, o GBC fornece o certificado mais cobiçado no mundo verde, o Leed – Leadership in Energy and Environmental Design (ou Liderança em Design de Energia e Meio Ambiente). Apesar de criticado por ser “americano” demais e pouco adaptado a cenários tropicais, o certificado assegura que a obra, no mínimo, usa água de forma responsável, é energeticamente eficiente, está em região de fácil acesso por transporte público e é feita com materiais que não espalham pegadas de carbono por aí.

Segundo a Green Building, quatro arenas brasileiras candidatas a abrigar jogos da Copa já estão em pleno processo de obtenção do certificado: Mineirão (BH), Vivaldão (Manaus), Arena Cuiabá e Mané Garrincha (Brasília). Outras quatro – Maracanã (Rio), Cidade da Copa (Recife), Das Dunas (Natal) e Fonte Nova (Salvador) – se comprometeram a seguir a cartilha da sustentabilidade certificada pelo Leed.

Praticamente com a mão na taça da certificação ecológica, os responsáveis pela construção da Arena Cuiabá enumeram as medidas que vão garantir o selo mato-grossense: “O estádio fica numa região urbana que está sendo revitalizada, os sistemas elétricos visam a eficiência, a água será reaproveitada e as plantas nativas compõem o paisagismo”, diz Alessandra Araújo, diretora da GCP Arquitetos e responsável pela sustentabilidade no projeto.

Claro que a questão ambiental na Copa não se limita à construção das arenas. Organizadores e poder público têm quatro anos para, por exemplo, desenvolver planos a respeito do que fazer com os resíduos, a alimentação que deve ser oferecida aos torcedores, como equacionar a questão do transporte, etc. Se as ideias derem certo, a taça do verde é nossa. Caso contrário, sofreremos uma derrota daquelas que não terminam com o apito do juiz.

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Colaborou André Julião