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Brasil está vivendo um momento que há muito não se via. Desde a década de 70 o País não registrava um crescimento econômico como o registrado pelo Banco Central neste primeiro trimestre. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do BC, a economia expandiu-se a uma taxa chinesa de 9,85%, quando comparada com o primeiro trimestre de 2009. Emprego, renda, comércio e indústria vivem um boom generalizado. Com a economia indo de vento em popa, o mercado de trabalho registrou, em abril, o seu melhor cenário dos últimos 18 anos, com a geração de 305 mil empregos. Por todo o Brasil a frieza dos números encontra tradução nos milhares de empresas brasileiras, que vêm experimentando uma fase de expansão rara.

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No chão da fábrica, a produção avança em ritmo chinês. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, calcula que, em grandes obras de infraestrutura, os investimentos serão de US$ 450 bilhões até 2014, o que vai consolidar as bases para o Brasil alcançar os países desenvolvidos. O presidente da Tigre, Evaldo Dreher, concorda. A multinacional brasileira, líder na fabricação de tubos, conexões e acessórios de PVC, faturou R$ 2,3 bilhões no ano passado e pretende crescer 15% este ano. Dreher diz que vai investir R$ 200 milhões em 2010 e projeta um futuro promissor para seu negócio, pelo menos até a Olimpíada em 2016. “Temos expectativa de grandes oportunidades de crescimento, pois ainda há muito que melhorar em infraestrutura. Cerca de 20% dos lares brasileiros não têm água encanada e 50% deles não têm esgoto”, diz Dreher.

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A locadora de carros Avis Rent a Car, embalada pelas boas notícias, também prepara sua expansão. De acordo com seu presidente, Afonso Celso de Barros Santos, a empresa pretende abrir mais 15 unidades neste ano até alcançar 60 novas lojas em 2012. A Avis já possui 130 franquias, com mais de 20 mil veículos. Barros Santos explica que o brasileiro está se acostumando a viajar de avião e, quando chega ao destino, aluga um carro, em vez de tomar um táxi. “O mercado interno está crescendo muito. Se não fosse ele, o Brasil teria um problema. Mas percebo que hoje o País conta com uma demanda em ascensão, a inflação está controlada e a moeda, forte. Temos tudo para crescer bem”, diz Barros Santos.

É natural, então, que o varejo se prepare para acompanhar o ritmo da economia. A Lojas Renner, por exemplo, pretende abrir mais 13 unidades este ano, um investimento de R$ 140 milhões. A empresa, que viu seu lucro líquido aumentar 239,8% nos três primeiros meses deste ano, promete em julho ser a primeira empresa no mundo, não financeira, a ter um cartão de crédito. O cartão Renner terá duas bandeiras: Visa e Mastercard. “Os indicadores macroeconômicos positivos contribuíram para um desempenho bem melhor que o estimado no início do ano passado, refletindo o maior entusiasmo do consumidor”, diz o diretor financeiro e de relações com o investidor da Lojas Renner, José Carlos Hruby.

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Mas não é só por aqui que o potencial do consumidor brasileiro enche os olhos do empresariado. Na Europa, o presidente da Portugal Telecom, Zeinal Bava, afirmou que a brasileira Vivo é um pilar fundamental e tem um valor estratégico para a operadora portuguesa. “O nosso compromisso é fazer a Vivo crescer e criar valor para todos os acionistas”, anunciou Bava, ao afirmar que não pretende “desinvestir no Brasil”, o que significaria “amputar o futuro da Portugal Telecom”. A Vivo, que é uma joint venture com a Telefônica, permanece líder no mercado de telefonia móvel no Brasil, com 54 milhões de clientes. “O Brasil tem uma dívida administrada e um mercado consumidor que cresceu muito. Esse é o momento de investir. Temos que investir para que não haja uma inflação por excesso de demanda e falta de oferta. Precisamos aumentar a oferta neste momento”, afirmou o presidente da Vivo, Roberto Oliveira de Lima, no 9º Fórum Empresarial de Sustentabilidade, em abril.

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O otimismo empresarial é visível. Mas, apesar de garantir que o Brasil, ao lado de Rússia, Índia e China, vai liderar o crescimento global nos próximos anos, Mantega recomendou aos auxiliares que não alimentem a euforia e, nos documentos oficiais da Fazenda, o ministro se mostra mais conservador: “O Brasil crescerá de 5,5% a 6%”, diz ele, tentando conter os ímpetos do Banco Central.