A medicina já sabe que nascer antes da hora não é a melhor coisa a acontecer. O ideal é que o parto ocorra após a 37ª semana da gestação, quando os órgãos do bebê estão bem formados. Até pouco tempo atrás, eram poucas as opções para garantir essa situação. Por esse motivo, cientistas têm se empenhado em pesquisar métodos para prolongar a gravidez, permitindo ao bebê nascer em segurança.

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Para que isso seja possível, o desejável é que os cuidados comecem antes da gestação. “O ideal é que a mulher engravide em boas condições de saúde, sem infecções e, se for portadora de diabetes ou de hipertensão, apresente esses problemas controlados”, recomenda Roberto Eduardo Bittar, coordenador do Setor de Baixo Peso Fetal da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Depois, o foco é identificar as gestantes de risco. Isso é feito por meio de ultrassonografia transvaginal e do teste de fibronectina fetal, proteína da placenta cujos níveis, na secreção vaginal, indicam chance de prematuridade. Mas outras opções estão sendo pesquisadas. Na Holanda, Chiara Rabotti, da Eindhoven University of Technology, promete, dentro de cinco anos, um novo método. A técnica difere das atuais por ser baseada no monitoramento externo das contrações uterinas, por meio de eletrodos fixados na barriga da grávida, dispensando a inserção de sondas ou outros aparelhos no canal vaginal.

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Diagnóstico feito, é hora de avaliar a medida a ser tomada. “Cerca de 20% dos partos prematuros acontecem por indicação médica e dificilmente podem ser evitados”, explicou à ISTOÉ o obstetra Errol Norwitz, codiretor da Divisão de Medicina Fetal da Universidade de Yale (EUA). “São causados geralmente por pressão alta, sangramentos muito intensos, aumento da frequência cardíaca do feto e posicionamento placentário incorreto.”

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Em relação às mulheres com o início antecipado do trabalho de parto sem causas aparentes e àquelas que já tiveram outro filho prematuro, um recurso recente é o uso de progesterona (hormônio feminino). Também há os inibidores das contrações e cerclagem (procedimento que impede a dilatação do colo do útero). Essa última opção ganhou versão moderna, ainda em teste, na qual a sutura da região é substituída pelo implante do pessário – um anel de silicone. A advogada Carla Freitas, 33 anos, foi a primeira brasileira a usar o método. Mãe de cinco crianças, ela já havia tido um filho prematuro. “É horrível ver seu bebê na UTI”, diz. A colocação do anel permitiu que o nascimento de Gabriel ocorresse em segurança, na 37a semana, no dia 2 de maio.

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PRESENTE
O uso de um anel de silicone impediu a dilatação
do colo do útero de Carla. Gabriel, o caçula, nasceu com segurança

O êxito no prolongamento da gravidez está relacionado ao empenho da mãe. Michele Vogt, 34 anos, grávida de Bianca, sua primeira filha, é um exemplo. Internada desde 18 de abril, quando, na 29ª semana, começou a ter contrações, passa por exames que começam às 5h30 e vão até a 0h e um tratamento à base de progesterona e inibidores de contrações. Mas não reclama: “Quero que a Bianca fique o mínimo de tempo possível na UTI.”

O esforço vale a pena. “Nos partos entre a 34ª e a 37ª semana, 47% dos recém-nascidos vão para a UTI, onde estão expostos a riscos maiores de contrair infecções”, alerta o obstetra Antônio Fernandes Moron, chefe da Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo.


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