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PRUDÊNCIA
Dilma e Serra (abaixo) analisam as pesquisas de
intenção de voto com cuidado, prevendo final emocionante

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Ainda faltam quatro meses para a eleição do novo presidente da República, mas as pesquisas de opinião começam a indicar o que pode ocorrer em outubro. Não só a polarização entre a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT, e o ex-governador José Serra, do PSDB, está se cristalizando, como será surpresa se a senadora Marina Silva, do PV, tiver fôlego para levar o pleito para o segundo turno. Duas pesquisas divulgadas na última semana mostraram que Dilma cresceu rapidamente em maio e tirou a hegemonia de Serra. No Vox Populi, a petista subiu nove pontos enquanto o tucano caiu três. Ela somou 38% contra 35% de Serra, num cenário com apenas três concorrentes. Com a presença dos partidos menores, conquistou 37% contra 34%. Portanto, virou pó a liderança que Serra desfrutou desde o início das pesquisas. Segundo o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, pesou a exposição na TV da candidata petista. “Existe uma grande relação entre o nível de conhecimento e a intenção de voto. Tiveram influência os comerciais do PT de 30 segundos e também o programa de 10 minu­tos (na quinta-feira 13)”, explica Coimbra.

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O forte avanço de Dilma foi confirmado na pesquisa do Instituto Sensus para Confederação Nacional do Transporte (CNT), que inclui candidatos de pequenas legendas como PSDC, PSL e PSOL. A ex-ministra recebeu 35,7% das intenções de voto contra 33,2% de Serra. Marina Silva apareceu em terceiro lugar com apenas 7,3%. Na lista com os três presidenciáveis melhor classificados, Serra obteve 37,8% e Dilma, 37%. O quadro é de empate técnico, mas Serra ficou para trás e terá que se desdobrar para construir nova vantagem. Num eventual segundo turno, a pesquisa revela que Dilma também venceria com 41,8% contra 40,5%. Apesar da reviravolta, a candidata de Lula mantém-se na defensiva: “Não acho que podemos pegar uma pesquisa e dizer: ‘Ah! Ganhei a eleição’. Só se ganha eleição no dia da eleição”. Para a ex-ministra, “é importante ter saído de uma posição bem modesta e hoje estar num nível significativo”. Mas ela ressalta que a pesquisa é somente um indicador de momento. “Ninguém vence a eleição salto alto”, adverte.

“É importante ter saído de uma posição bem modesta
e hoje estar num nível significativo”

Dilma Rousseff, candidata do PT

Apesar de ultrapassado nas pesquisas, o ex-governador José Serra não acusou o golpe. “Pesquisa vai e vem, vai e volta. É uma fotografia variável. A campanha mesmo só vai começar depois da Copa. Estive praticamente a frente sempre e agora tem empate. Logo vai desempatar. A pesquisa que importa é da urna e do voto”, comentou. O tucano não deixa de ter razão. Há muito chão pela frente. Mas pesquisa do Datafolha, que será divulgada este fim de semana, trará números muito semelhantes aos do Vox Populi e do CNT/Sensus. Sabe-se também que o Ibope realizou pesquisa para consumo interno do PSDB, que antecipou a evolução de Dilma Rousseff. Os tucanos receberam os dados do Ibope na sexta-feira 14 e ficaram especialmente espantados com o crescimento da candidatura petista em Minas Gerais. Na análise de especialistas, os mineiros reagiram negativamente à decisão do governador Aécio Neves de não aceitar ser vice na chapa de Serra. Torceram o nariz e passaram a optar pela ex-ministra. Essa tendência mudaria, caso Aécio voltasse atrás e fizesse a dobradinha com o ex-governador de São Paulo. Na verdade, o PSDB continua a apostar na chapa café com leite e aguarda o retorno de Aécio Neves da Europa neste domingo.

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Embora a própria Dilma recomende prudência, o clima no PT é de comemoração. Os petistas admitem a influência dos comerciais e do programa na TV em maio, mas argumentam que, ao voltar a aparecer ao lado do presidente Lula, Dilma rapidamente aumentou seus votos. As lideranças petistas apostam que, quando a campanha começar oficialmente e com a presença ostensiva de Lula, a imensa popularidade do presidente vai alavancar de vez a votação da ex-ministra. O desempenho de Dilma no Nordeste tem impressionado e até mesmo a base aliada está surpresa com seu crescimento no Sudeste. Ela aproximou-se de Serra em Minas e já tomou a frente no Rio de Janeiro. “Dilma é a candidata do governo e o governo tem uma aprovação positiva. As condições socioeconômicas são favoráveis à população. À medida que ela é identificada com Lula, o desempenho vai subindo”, sintetiza Ricardo Guedes, do Instituto Sensus.

“Pesquisa vai e vem, vai e volta. A campanha mesmo
só vai começar depois da Copa”
José Serra, candidato do PSDB

Na opinião do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), “a população vai identificando a Dilma como continuidade e o Serra como oposição”. Os especialistas em pesquisa concordam que o PT tem motivos para festejar. Afinal, Dilma era completamente desconhecida da população em geral, enquanto Serra acumulava o recall de eleições majoritárias para presidente da República e governador. Porém, consideram prematura qualquer previsão sob o resultado da sucessão de Lula. “Teremos que ver o grid de largada após as convenções de junho, quando todos os programas de TV dos partidos já terão ido ao ar. Só então será possível traçar um diagnóstico mais preciso”, afirma o cientista político Antônio Lavareda. Em conversas com amigos, o diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, diz que, em linhas gerais, um terço do eleitorado já se decidiu a favor de Serra e o outro terço a favor de Dilma. Estará em disputa, voto a voto, o terço restante que vai definir a eleição de 3 de outubro. E a reta final será emocionante.