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PARCERIA
A indicacão de Antônio Palocci para a equipe de Dilma
foi acertada pelo presidente Lula

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Na quinta-feira 20, o ex-ministro e deputado Antônio Palocci estará em Nova York ao lado da pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, para prestigiar a entrega do prêmio de personalidade do ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Desde abril, quando Dilma deixou a Casa Civil para se lançar candidata, esta cena tem se tornado comum. Palocci é visto com frequência ao lado de Dilma, de quem é hoje um dos principais conselheiros. Engana-se quem pensa que o ex-ministro serve apenas de ponte entre o empresariado e a petista. Ele forma com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel o triunvirato responsável pelos rumos da campanha. A influência de Palocci é tanta que petistas próximos a Dilma, ouvidos por ISTOÉ, dão como certa sua volta ao ministério, no caso de triunfo nas urnas em outubro. “Palocci é um quadro de grande importância no PT e na política brasileira. É, sem dúvida, um dos responsáveis pelo sucesso do governo Lula. Por isso, é natural que exerça um papel importante na campanha ou mais adiante”, disse à ISTOÉ o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Desde que foi alçado à coordenação da campanha de Dilma, Palocci fala quase diariamente com a ex-ministra. Durante as reuniões do conselho político, ele ajuda a definir a agenda e sugere a linha dos discursos. Em outra frente, marca encontros com dirigentes de partidos e aproveita o bom trânsito com empresários e raposas do mercado financeiro para estreitar os laços destes setores, muitas vezes arredios, com a petista. Nada, no entanto, é feito sem consultar Dilma, de quem Palocci recebe instruções diretas. Foi com o consentimento da ex-ministra, por exemplo, que o deputado ajudou a organizar um jantar, em março, para a pré-candidata na residência do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Reuniu numa só mesa Jorge Gerdau; Marcelo Odebrecht; Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa; Luiz Trabuco, presidente do Bradesco; Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional; Joesley Batista, do JBS-Friboi; Josué Gomes da Silva, filho do vice José Alencar e presidente da Coteminas; e Paulo Godoy, da Associação Brasileira das Indústrias de Base e do Grupo Alusa. Segundo petistas, o jantar foi um sucesso e rendeu frutos para a candidata de Lula. Ponto para Palocci. Interlocutor do ex-ministro sempre que vai a Brasília, Gerdau é só elogios: “O deputado Palocci é uma pessoa altamente qualificada. Acima da média, eu diria.”

Palocci voltou à cena política em 2006, quando foi eleito deputado federal por São Paulo. Agora, porém, é a primeira vez que assume um posto político de peso, desde que deixou o Ministério da Fazenda, em 2006, abatido pelo escândalo do caseiro Francenildo Costa. A parceria Palocci-Dilma foi selada em dezembro do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu em seu gabinete a ministra da Casa Civil e o deputado paulista. Estava em pauta a campanha presidencial. “Tenho uma indicação para sua equipe. É o Palocci, um dos maiores quadros que nós temos”, disse Lula para Dilma, sendo rapidamente interrompido pelo ex-ministro da Fazenda. “Quero dizer que fico grato, mas só participarei se este também for o desejo da candidata.” Desde então, Palocci conquistou a confiança da ex-ministra da Casa Civil.

Um dos exemplos da influência que exerce foi sua atuação para resolver um tema delicado da campanha da ex-ministra. Enquanto assessores de Dilma defendiam o endurecimento do discurso em relação à imprensa, Palocci votou pelo diálogo. “Quem quer ganhar a eleição não pode desprezar esse assunto. Não podemos iniciar uma eleição com esse contencioso”, defendeu. Dilma arbitrou a questão em favor da posição do ex-ministro, que, ao fim, acabou prevalecendo. “Dilma não defende o controle social da mídia. Ela tem dito que isso não faz parte de suas propostas para o futuro. Nunca a vi defender qualquer postura um pouco mais dura, à esquerda ou estatal, para a imprensa brasileira, pelo contrário”, disse Palocci, num fórum sobre democracia e liberdade de expressão.

Nas reuniões com partidos da base aliada, como PR, PP e PCdoB, Palocci também tem marcado presença. Com muito jogo de cintura, ele garante que Dilma, a exemplo de Lula, vai fazer um governo de parceria. Sua retórica agrada e tranquiliza os aliados. Palocci, que é candidato à reeleição, também tem deixado sua marca nos discursos da ex-ministra. Um deles mereceu atenção especial: o que Dilma fez no Congresso do PT. Coube a Palocci incluir no texto final a menção sobre a importância de manter o tripé da política econômica: ajuste fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação. Tal tripé não constava das diretrizes sugeridas pelo PT para o programa da candidatura presidencial. Mas a repercussão positiva do discurso credenciou Palocci como um dos homens mais importantes da cúpula da campanha. Em tempo de sucessão, Palocci é o cara de Dilma.

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