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FALSA POLÊMICA
Dilma e Serra se opõem, mas querem controlar o BC

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Durante os dois mandatos do presidente Lula, o Banco Central ganhou autonomia jamais vista na história do País. À frente da instituição, o goiano Henrique Meirelles foi premiado com status de ministro e habituou-se a entrar em confronto com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Preocupado, acima de tudo, em preservar os fundamentos sólidos da economia, sempre defendeu posição mais cautelosa e conservadora. Em sua gestão, de duração também inédita, as taxas de juros elevadas e as metas rígidas de inflação tornaram-se cláusulas pétreas da política econômica. O balanço foi positivo, mas muita gente do governo Lula diz que, por culpa de Meirelles, a economia brasileira cresceu menos do que deveria.

Em janeiro, essa polêmica fará parte do passado. Seja quem for o próximo presidente da República, Dilma Rousseff ou José Serra, o Banco Central não será o mesmo. Em lugar de se tornar independente, perderá as atuais  regalias e terá de se enquadrar às prioridades de governo. Na entrevista à ISTOÉ, a ex-ministra da Casa Civil deixou claro o que espera do BC. “No meu governo acho que, mais para o final, teremos de olhar as duas coisas: inflação e emprego.” E apontou o novo figurino do guardião da moeda: “Teremos uma política e uma realidade diferentes.” Dias depois, na segunda-feira 10, ao perder a paciência durante entrevista à rádio CBN, foi a vez de Serra atirar no voo livre do BC. “O Banco Central não é a Santa Sé. Você acha, sinceramente, que o Banco Central nunca erra? Tenha paciência.”

Sem o constrangimento de quem está no poder, o pré-candidato tucano foi mais explícito do que Dilma Rousseff e afirmou que, caso eleito, não se intimidará em apontar os erros cometidos pelo Banco Central. “É uma grande bobagem ver o BC errando e não falar”, disse Serra. Mais tarde, o ex-governador explicou que se excedeu porque estava de mau humor, pois dormiu pouco e acordou cedo. Mas seu recado foi dado e entendido por quem é do ramo. Num eventual governo do PSDB, o presidente do Banco Central deverá perder o status de ministro e, mesmo escolhido pelo presidente da República, voltará a ser subordinado ao ministro da Fazenda. “A atual situação é inédita e constrangedora para o titular da Fazenda”, constata o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central.

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