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SEM FAVORITOS
Entrada de Collor embaralha eleição em Alagoas

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Em 1986, o jovem político Fernando Collor de Mello era eleito governador de Alagoas. Credenciado pelo bom desempenho à frente do governo do Estado, Collor, encarnando o personagem de caçador de marajás, foi eleito presidente da República em 1989, na primeira eleição direta depois da ditadura militar. Mas deixou o cargo em 1992 debaixo de denúncias de corrupção. Vinte e quatro anos depois, o ex- presidente, hoje aliado do governo Lula no Senado, tenta voltar ao ponto onde tudo começou. Na segunda-feira 10, confirmou sua candidatura ao governo de Alagoas pelo PTB. “Vou submeter meu nome”, disse. Mas, como tudo que envolve Collor desde o impeachment, o anúncio gerou polêmica. Além de embaralhar a disputa local, a decisão do ex-presidente rachou o palanque da pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, em Alagoas.

Sem Collor, a eleição estadual caminhava para uma disputa polarizada entre o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) e o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). Dilma seria apoiada por uma ampla aliança no Estado, unindo o PT, o PTB, de Collor, o PMDB, o PCdoB e até o PV. A divisão do bloco, provocada pela decisão do sendor alagoano, preocupou o presidente Lula, que agora tenta juntar os cacos. Na manhã da quarta-feira 12, Lula reuniu em seu gabinete o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, o senador e candidato à reeleição Renan Calheiros (PMDB-AL) e o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP). Pediu aos presentes que não medissem esforços para reunir, novamente, em um único palanque, os partidos governistas em Alagoas. Em princípio, a orientação é para que o PDT tente demover Collor da ideia de concorrer ao governo. “Sempre é melhor quando conseguimos unir todos os partidos. Não desisti de tentar convencer o Collor”, disse o ministro Lupi.

“Ainda não desisti de convencer o Collor a
abrir mão da candidatura”
Carlos Lupi, ministro do Trabalho e presidente do PDT

Collor, porém, diz que não tem intenção de recuar. Seus aliados insistem em que a eleição plebiscitária só ocorrerá no Estado se Lessa abrir mão. “O mais provável é que todos estejam juntos no segundo turno contra o governador atual”, afirma o deputado Augusto Farias (PTB-AL), um dos parlamentares alagoanos mais próximos do ex-presidente. Outro aliado histórico de Collor no plano nacional, Renan Calheiros mantém o apoio a Lessa declarado no início do ano. “Tenho um compromisso e a palavra empenhada será mantida”, disse o peemedebista. Renan foi um dos maiores beneficiários da decisão de Lessa de deixar a disputa ao Senado para concorrer ao governo. Caso o pré-candidato do PDT disputasse uma cadeira de senador, Renan corria o risco de ficar de fora, já que a segunda vaga no Estado deve ficar com Heloísa Helena, do PSOL.

Confirmado o confronto entre Collor e Lessa nas urnas, será reeditada uma disputa que ocorre no Estado desde a década de 80. Em 1986, deu Collor. Em 2002, Lessa, então candidato à reeleição, deu o troco: foi eleito com 52,93% dos votos. Em 2006, os dois voltaram a se enfrentar, só que na disputa para o Senado. Em mais uma eleição acirrada, o ex-presidente da República venceu. Enquanto Lula trabalha para unir ambos no mesmo palanque, contra a reeleição de Teotônio Vilela, do PSDB, os dois lados da trincheira renovam suas apostas.

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