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Tuma Jr. não vê problema em seus contatos
com Paulo Li, fornecedor de mercadorias para
lojas da 25 de Março, em São Paulo

Um processo que tramita na 3ª Vara da Justiça Federal em São Paulo se transformou numa grande dor de cabeça para o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. Trata-se da ação criminal que resultou da Operação Wei Jin, deflagrada pela Polícia Federal no ano passado. A documentação, revelada esta semana pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, inclui correspondências eletrônicas e conversas gravadas pela PF entre Tuma Júnior e o chinês Li Kwok Kwen, conhecido na comunidade chinesa paulista como Paulo Li. Apontado pela PF como um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, Paulo Li e mais 13 pessoas acusadas de contrabando foram presas no ano passado. A PF, no entanto, diz que ainda não encontrou indícios de envolvimento do secretário com a organização criminosa de origem asiática que opera no País. “Fui investigado pela Polícia Federal, mas não fui indiciado. Não fui denunciado pelo Ministério Público Federal e o juiz arquivou”, diz Tuma Júnior. “Se eu tivesse qualquer mácula na minha conduta, eu jamais ficaria no cargo. O maior patrimônio que tenho é minha reputação”, disse em entrevista à ISTOÉ.

Nas escutas gravadas pela PF, Tuma Júnior aparece negociando um Nintendo Wii e celulares com o chinês Paulo Li, acusado pela Justiça de ser um dos maiores fornecedores de mercadorias contrabandeadas para os centros de comércio popular de São Paulo, como a famosa rua 25 de Março. Os dois também trocam informações sobre naturalização de cidadãos chineses no Brasil. Tuma Júnior é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e tem ascendência funcional sobre o Departamento de Estrangeiros. O secretário argumenta que os e-mails do Ministério da Justiça são públicos e que ele troca informações com muitas pessoas. O secretário disse ainda que conhece o chinês há mais de 20 anos e sempre conversa com ele sobre produtos que quer comprar ou sobre os interesses da colônia em São Paulo. “Ele dava aula de kung fu na Polícia Federal e eu o conheci lá. Fiz amizade com ele. É um rapaz bom”, diz Tuma Júnior. “Ninguém pode ser responsabilizado por um amigo fazer qualquer coisa.”

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Em Brasília, assessores da PF informaram que não foi encontrada, durante as investigações, nenhuma ligação do secretário com os crimes cometidos pelos alvos da operação. Segundo a PF, não é possível concluir se as encomendas de produtos do secretário para Paulo Li são ilegais. A cúpula do Ministério da Justiça atribui a divulgação das informações do inquérito a uma guerra política de delegados em torno do controle da Polícia Federal. O grupo do senador Romeu Tuma (PTB-SP), pai do secretário Nacional de Justiça, tem muita influência na PF e já foi responsável pela nomeação de vários diretores do órgão. Na quartafeira 5, Tuma Júnior ganhou mais um grande aliado político. O presidente Lula disse que é necessário aguardar as investigações. “Todo mundo sabe que o delegado Tuma é muito experimentado na polícia brasileira”, disse Lula. “É um homem que tem uma folha de serviços prestados ao País.”