chamada.jpg
DESOLAÇÃO
Repórter de tevê observa as
barreiras de contenção em praia da Louisiana

O vazamento do poço de petróleo da empresa britânica BP no Golfo do México, que desde o dia 20 de abril vem espalhando milhares de litros do líquido no mar, pode se tornar a maior catástrofe desse tipo na história. Cerca de 800 mil litros jorram diariamente do poço aberto no fundo do oceano. Se o óleo cru chegar à corrente marinha presente naquela região não haverá como pará-lo, acreditam especialistas. A mancha já chegou à costa do Estado americano da Louisiana e ainda pode atingir o Alabama, o Mississippi e a Flórida, o que causaria prejuízos de bilhões de dólares. Medidas mais eficientes do que conter e dispersar as manchas só foram tomadas depois que o problema começou a tomar ares de tragédia. “A reação foi relativamente lenta. Não se esperava algo dessa magnitude”, diz Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

A primeira providência nesse tipo de acidente é o acionamento de um sistema de prevenção de explosões. Trata-se de uma válvula que interrompe o fluxo de petróleo. O dispositivo não funcionou e robôs guiados por controle remoto foram usados para tentar acioná-lo, mas também falharam. A segunda ação, adotada desde a semana passada, é instalar um grande caixote sobre o poço aberto. Trata-se, na verdade, de um enorme domo de aço de 100 toneladas, capaz de conter o fluxo para um tubo que irá até a superfície da água, de onde o petróleo será coletado por navios. “Além disso, outras embarcações são necessárias para segurar a estrutura. Não é algo trivial”, explica Estefen.

img2.jpg
RESGATE
Técnicos banham ave achada em ilha do Golfo do México

Segundo o engenheiro, uma medida que deveria ter sido tomada imediatamente era a abertura de um segundo poço a uma distância segura do original. Ao alcançar a camada de petróleo, ela aliviaria a pressão do poço que está vazando. “Uma perfuração desse tipo demora mais de um mês. Os outros métodos são apenas paliativos”, analisa Estefen.

Se nada disso funcionar, medidas extremas já estão sendo consideradas. Segundo especialistas, uma grande explosão, muito bem calculada, poderia ser a solução. Explosivos seriam colocados próximos ao poço e os escombros o selariam. “Quase usamos essa técnica para parar um vazamento no Mississippi, quando trabalhava na Shell”, afirmou Robert Bea, professor da Universidade da Califórnia, ao “The New York Times”. Mas o método é controverso.

Uma solução rápida e eficiente é tudo o que a BP precisa. Acidentes assim costumam marcar para sempre uma empresa. Desde 1989, quando um vazamento no Alasca derramou 41 milhões de litros, a Exxon, outra gigante do petróleo, teve seu nome atrelado ao desastre – comumente chamado de Exxon Valdez, nome do navio que se rompeu após bater num recife. Basta lembrar de tragédias envolvendo aviões, por exemplo, para confirmar que o nome da companhia é mais lembrado do que qualquer outra palavra que diga respeito ao acontecimento. Quando se trata de duas áreas tão sensíveis – exploração de petróleo e aviação –, catástrofes são ao mesmo tempo a razão e a fonte de conhecimento para que haja mais segurança. “O avanço da engenharia, infelizmente, se dá às custa de acidentes. Temos de aprender e evoluir com eles”, finaliza Estefen.

img1.jpg