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Acompanhe a versão em vídeo da reportagem

 

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POEIRA
Cerca de 300 pessoasem 57 picapes disputaram a corrida

 

Em meio ao aroma dos ar­bustos de melissa e de ár­vores típicas do Cerrado, co­mo paineiras cor-de-rosa e buritis, a cor vermelha do pó levantado pelos dos carros dava o tom da 2ª Etapa do Mitsubishi Outdoor Sudeste, realizada no sábado 1º, entre as cidades de Cascalho Rico e Estrela do Sul, próximas a Uberlândia (MG). Neste cenário, os 300 participantes da competição desbravaram trilhas, atravessaram rios, pontes, mata-burros e fazendas, cruzaram vilarejos, desviaram de gado, buracos, rochas e árvores e mudaram a rotina dos cerca de dez mil habitantes da região. Mais do que testar a per­formance de seus 4×4, os ocupantes das 57 picapes foram atrás da poeira, que em um rali significa liberdade, e de pro­ximidade com a natureza. ISTOÉ acompanhou pelo percurso de mais de 200 quilômetros a equipe Futura Race Team, campeã da principal categoria da etapa, a Extreme. Nesta modalidade, vence quem acumular o maior número de pontos em um período de cinco horas.

O grande dia começou antes das 6h. Para competir, os carros precisam estar equipados com odômetros (medidores de distância), bússolas, radiocomunicadores, além de bicicletas, capacetes, coletes salva-vidas e um saco de comidas rápidas, como barras de cereais, isotônicos e sucos de caixinha. Da organização, eles recebem um GPS, que controla todo o percurso. É proibido passar da velocidade permitida, conduzir na contramão ou separar os dois carros da equipe. Eles também carregam um passaporte, que deve ser carimbado nos postos de controle, os PCs. É lá que encontram os desafios que, se cumpridos, valem pontos, como em uma gincana. Na prova de Uberlândia, eram 26. Alguns exigiam esforço físico, outros, raciocínio. Houve ainda os que contaram pontos apenas por estarem em lugares de difícil acesso.

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Dentro de cada carro, o piloto e o navegador são os personagens principais. “Os navegadores são os cabeças da equipe, porque são eles que definem a estratégia”, explica o piloto Marcos Granado, 35 anos. As equipes só ficam sabendo a localização dos PCs no momento da largada, quando recebem um mapa da competição. A partir daí, têm cerca de uma hora para decidir por quais PCs passarão, a fim de acumular o maior número de pontos no menor tempo possível. Quem ultrapassa as cinco horas de prova é penalizado. Este é o momento de maior tensão. Jefferson Gabriolli, 46 anos, navegador da equipe que a reportagem acompanhou, pede silêncio absoluto no carro, enquanto calcula distâncias e tempos, analisa dificuldades e as vantagens e desvantagens de cada tarefa. Com tudo acertado, os dois veículos seguem atrás dos desafios, que só são conhecidos no próprio local.

Durante a prova, o problema maior nem é tanto conseguir se locomover em um território estranho com a ajuda dos equipamentos de localização, mas principalmente conseguir controlar a ansiedade da trupe. Cada segundo é precioso e por isso qualquer mínima perda de tempo é motivo de discussão. Dentro do carro, há pouca conversa e brincadeiras. O jogo é levado a sério, como se o futuro de cada um dependesse do sucesso da empreitada. A Futura conseguiu cumprir oito PCs. Garimparam diamantes falsos, praticaram boiacross, cumpriram trechos de bicicleta, localizaram um tesouro escondido e tiraram fotos de árvores nativas, entre outras missões. O saldo final: 3.749 pontos, roupas e tênis sujos e molhados, um corte na cabeça de um dos integrantes da equipe e o carro tingido de poeira, sujo de fezes de animais e com alguns riscos na pintura. A recompensa viria horas depois, no anúncio de que eram campeões.

“Estava com um pressentimento de que a gente ia ganhar desta vez, porque na primeira em que participei a gente ficou em terceiro, na segunda, fomos vice e agora só poderia ter vindo a primeira colocação”, festejou Ricardo Stiepcich, 46 anos, piloto do segundo carro e patrocinador da equipe, também formada por Júlio Gabriolli, 34 anos, Luiz Armando, 38, Fabiano Mendes, 32, e Tiago Gabriolli, 20. “O mais legal é que daqui a duas semanas a gente já começa a se preparar para a próxima”, diz Stiepcich. A terceira etapa será no dia 29 de maio, em Blumenau (SC), para onde a organização do circuito já viajou para preparar as novas surpresas que desafiarão os competidores. Com toda esta determinação e autoestima, será difícil tirá-los do pódio.

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