Flavio de Carvalho/ Museu de Arte Moderna, SP/ até 13/6 A cidade do homem nu/ Museu de Arte Moderna, SP/ até 13/6

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POLÊMICA
O artista retratou outros provocadores, como Oswald de Andrade

Embora o arquiteto Flavio de Carvalho tenha projetado dezenas de edifícios e monumentos públicos tanto ou mais utópicos que Brasília, foi um projeto de 1956 que realmente o tornou uma figura pública. “Flavio de Carvalho estreou seu New Look. É de nylon e brim. Acalma os nervos. Evita as guerras. Previne resfriados”, dizia a chamada de uma reportagem na revista “Manchete” de 27 de outubro daquele ano. Intitulada “Experiência nº 3”, a caminhada do arquiteto pela avenida Paulista, vestindo saias, para divulgar seu projeto de utopia urbana, é hoje considerada a primeira performance da arte brasileira. As únicas imagens que ficaram para contar a história foram feitas por fotojornalistas da “Manchete” e de “O Cruzeiro”, e integram as exposições que o MAM-SP dedica a Carvalho.

A retrospectiva na Grande Sala apresenta um panorama de sua produção como arquiteto, cenógrafo, pintor e performer. Embora tenha sido dado destaque para um projeto para o Viaduto do Chá, o carro-chefe da exposição são as pinturas. O expressivo conjunto de aquarelas, óleos e desenhos mostra que Carvalho era um retratista de mão cheia, que captava com maestria a tensão e a gravidade dos rostos de seus retratados. Entre as pinturas que fez de escritores, psicanalistas e artistas figura um expressivo Oswald de Andrade acompanhado de sua terceira esposa, a escritora Julieta Barbara. 

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POLÊMICA
Artista provocou ao lançar “New Look” de saias para homens

Na Sala Paulo Figueiredo, “A Cidade do Homem Nu”, curadoria de Inti Guerrero, faz uma livre interpretação do idealismo de Carvalho, que concebera um projeto urbanístico para um homem “sem deus, sem propriedade, sem matrimônio e sem tabus escolásticos, livre para o raciocínio e o pensamento”. A mostra apresenta obras contemporâneas brasileiras e estrangeiras que dialogam com as ideias do artista modernista e arrisca um interessante cruzamento com a performance libertária de Ney Matogrosso na fase Secos & Molhados. Ao exibir a roupa e o videoclipe desse músico também provocador, o curador reafirma a identidade multimídia de Carvalho, para quem a vida cotidiana e a arte pertenciam a um mesmo campo de ação.

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A Cidade do homem nu

Flávio de Carvalho


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