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AUTORRETRATO Antonio Dias faz apologia de King Kong no super-8 "Um Retrato Público"

 

No dia da abertura da exposição "Anywhere is My Land", na Daros- Latinamerica, em Zurique, o artista brasileiro Antonio Dias foi despertado com uma grande reportagem publicada em um jornal local, intitulada Pornografia e Política. O artista, que em meados dos anos 1960, em plena ditadura militar no Brasil, articulava temas como sexo e morte, libido e violência, em um trabalho de resistência, tem agora a sua obra política em exibição até fevereiro de 2010 na instituição suíça. "A exposição apresenta esses dois aspectos, o da rebeldia e o da revolta. Há uma espécie de fio vermelho que une toda a produção", observa Dias.

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DA HQ AO GRAFITE Influências da pichação são perceptíveis nas pinturas dos anos 60

Efetivamente, o vermelho é a cor predominante nos desenhos, pinturas, objetos e filmes que integram a mostra. Seja nos fios de sangue e fluidos que escorrem das telas, seja nas iconografias de corações, línguas e falos que pontuam as obras da fase figurativa, inspirada em histórias em quadrinhos e em arte de rua. "Reconheço referências naquele grafite popular, mais antigo. A pichação, mesmo", afirma ele. Dias sempre foi um observador dos acontecimentos de seu tempo. Mas seu "fio vermelho" não se refere apenas aos anos de chumbo e tropicalismo da vida brasileira. Ele saiu cedo do Brasil, aos 22 anos, quando ganhou um prêmio na Bienal de Paris. Desde então, viveu como nômade, dividindo-se e entre Milão, Colônia e Rio de Janeiro – com uma temporada na Índia e no Nepal, pesquisando técnicas de fabricação de papel. Desse estilo de vida e da diversidade de sua produção artística vem o título da mostra "Any- where is My Land".

O Rio dos anos 60 está registrado em momentos contundentes como "Para a Polícia", escultura em bronze que representa três pedras com placas de identificação de metal (aquelas utilizadas pelo Exército).

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ARTE COMO JOGO Truques ilusionistas na instalação da série "A Ilustração da Arte"

Já a Paris da revolução estudantil de 68 está em "História", instalação composta por um compartimento de plástico com restos de "sujeira" (areia e pó), varrida das manifestações de rua. A exposição reúne ainda diversos trabalhos da série multimídia "A Ilustração da Arte" (1971-78), um "clássico" da história da arte brasileira, em que Dias destila comentários críticos e irônicos sobre a situação da arte e do artista na contemporaneidade.


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