19/12/2007 - 10:00
EM CASA O minileopardo da espécie ashera tem seus truques para ganhar carinho
Ele tem a pose, o porte e a aparência de um felino selvagem. Tem o olhar, os pêlos e as garras afiadas que confirmam essa imponência. Ele só não tem o tamanho daqueles da família à qual pertence, mas o que importa o tamanho para esse animal se hoje ele é o centro das atenções de biólogos de todo o mundo? Nome ele tem: chama-se ashera. E agora, a surpresa: ashera é uma nova espécie de leopardo. Falou-se em tamanho. Pois bem, o habitat desse leopardo pode ser um fofo sofá, um felpudo tapete, a casa inteira, enfim. Leopardo no sofá de casa? Sim, leopardo em cima do sofá, e de coleira antipulga. Mais que isso: esse leopardo doméstico é bastante manhoso e cheio dos truques para ganhar carinho. Fruto da biotecnologia, ashera é a espécie criada em laboratório para as pessoas que são fãs dos grandes felinos e donas de pequenos quintais. Detalhe: para se ter um desses dóceis minileopardos há de se possuir também US$ 33 mil para comprá-lo. A responsável por sua construção genética é a empresa americana Lifestyle Pets, especializada em animais de estimação exclusivos: ashera nasceu do cruzamento de leopardos e panteras selvagens da África e da Ásia com gatos domésticos selecionados.
Além do tamanho reduzido, a espécie de minileopardos ashera tem outras características de um pet – pelo menos, é o que dizem seus criadores. Na natureza, o leopardo é uma verdadeira máquina mortífera. Ele chega a pesar 80 quilos em um metro e meio de comprimento, sem incluir a cauda, que mede mais um metro. O ashera pesa no máximo 14 quilos e tem 50 centímetros de comprimento. O leopardo original costuma viver na copa das árvores e sai à noite para caçar, e é aí, literalmente, que o bicho pega. Extremamente agressivo, ele ataca qualquer animal mais fraco, seja réptil, ave ou mamífero, incluindo-se o homem – na Índia e no Congo (seus habitats naturais) diversas lendas falam sobre leopardos devoradores de seres humanos. No clássico livro Monstro de Deus, de autoria do especialista em história natural David Quammen, encontra-se o fascínio humano por esses animais e narra- se o Conto do Congo no qual os homens-leopardo ganham agilidade, destreza, garras e dentes para destruir inimigos. Apavorante! A Lifestyle Pets garante, no entanto, que do animal original a espécie ashera só conservou a aparência e sob sua pele há um gato extremamente amigável e de fácil trato. "Ashera se dá bem com adultos, crianças e outros animais", diz Simon Brodie, um dos responsáveis pela empresa.
"O maior, mais raro e mais exótico gato doméstico", como está sendo anunciado o minileopardo, pode ser adquirido pela internet – é possível escolher o seu sexo e ele vem acompanhado de "garantia de assistência veterinária" de um ano, microchip, certificado de DNA, kit inicial com ração, capas para as unhas e brinquedinhos. Há entrega delivery. Aos interessados que forem alérgicos à saliva de gatos, a Lifestyle Pet afirma que produz também uma versão antialérgica do animal. Pesquisadores da divisão de biotecnologia da empresa conseguiram identificar o gene Fel D1, responsável pela produção da proteína que, presente na saliva dos felinos, causa alergia em algumas pessoas. Selecionaram então exemplares de gatos com mutações genéticas que não possuíam esse gene e cruzaram os bichanos criando uma linhagem que não produz tal proteína – são, portanto, hipoalergênicos. Esses gatos já eram vendidos desde o ano passado e, a partir daí, foi fácil criar a versão antialérgica dos minileopardos: bastou cruzálos com os gatos geneticamente modificados. Claro que o hipoalergênico é mais caro, já que, perto dele, ninguém espirra nem se coça. O preço é de US$ 37 mil. Depois de encomendado, o comprador demora até um ano para receber o seu filhote de minileopardo porque alterações genéticas, cruzamento e gestação levam tempo. Além disso, o bicho só é entregue com três meses de vida. A longa espera e o alto preço compensam para quem gosta de animal doméstico dócil e, sobretudo, exótico e exclusivo: apenas 100 asheras são gerados por ano.
