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Monsieur Amalfi, o deus do estádio. Esse era o cartaz de que o paulistano Yeso Amalfi gozava na França. De dia, com a bola entre os pés, era um malabarista que lotava a arquibancada. À noite, o galã latino paparicado pelo jet set europeu nas praias da Côte d’Azur, nos cafés de Paris e no principado de Mônaco. O tom moreno de sua pele, os cabelos ondulados, o bigodinho afinado com precisão e a elegância com que jogava futebol conferiram fama singular a esse descendente de italianos. Sua trajetória, porém, é pouco conhecida no Brasil – ele foi jogar no Exterior aos 21 anos e nunca defendeu a Seleção Brasileira em Copas.

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TRAJETÓRIA
Amalfi era um malabarista com a bola

Mas na França dos anos 50, “se Pelé foi considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos, eu fui o segundo brasileiro a conquistar a França depois de Santos Dumont”. Assim está escrito em “Yeso Amalfi – O Futebolista que Conquistou o Mundo” (CLA Editora), autobiografia lançada pelo ex-craque. Amalfi, de fato, foi notável dentro e fora dos gramados – principalmente os franceses, onde atuou por quase uma década. “Era um bailarino dentro de campo”, lembra o cineasta Luiz Carlos Barreto, que, como fotógrafo na França, assistiu a seus jogos.

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Jogou na França e no Boca Juniors da Argentina. Lá, recebeu flores
do presidente Perón e foi amigo do cantor Carlos Gardel

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As apresentações de gala do meia-direita o colocaram na capa do tradicional jornal esportivo “L’Equipe” por diversas vezes. Personalidades como o filósofo Jean-Paul Sartre, o pintor Pablo Picasso e o poeta Jean Cocteau se tornaram seus fãs. “Yeso foi o primeiro futebolista brasileiro a gozar da fama de popstar fora do País”, afirma o jornalista Alberto Helena Jr. Um dos maiores companheiros dele era o príncipe Rainier, de Mônaco. “Na noite, o Rainier era o príncipe e o Yeso, o rei”, diz Barreto, que fotografou o casamento de Rainer com a atriz Grace Kelly, em Monte Carlo, graças à ajuda de Amalfi.

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Com Garrincha

Hoje, aos 86 anos, o ex-jogador que exigia passagens de ida e volta para o Brasil, imóvel mobiliado e carro zero na garagem, recebe R$ 450 mensais de aposentadoria. Ao encerrar a carreira, aos 37 anos, transitou por cargos políticos, agenciou jogadores e vendeu terrenos. “O que ele ganhava, gastava”, justifica Fábio Amalfi, 35 anos, um dos três filhos. É com ele que o outrora habitué dos bairros de Montmartre e Saint-Germain-des-Prés vive, atualmente, em um apartamento em São Paulo. Nele, Amalfi não costuma ver futebol pela tevê. Também não possui camisas dos clubes que defendeu, troféus, chuteiras ou qualquer suvenir de sua época. Seu tesouro são suas memórias.

 

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