Um espetáculo de luta livre jamais foi tão amigável quanto um organizado na semana passada em Chicago, nos Estados Unidos. Com a categoria das grandes estrelas, o americano Catar e o filipino Arik Pou deram sopapos e apertos um no outro. Brilharam muito, especialmente no intervalo do duelo, quando descansaram juntos e trocaram carinhos nas arquibancadas. Os dois estavam entre os que roubaram a cena na VIIª Olimpíada Gay, uma festa com 12 mil atletas de todo o mundo espalhados por 14 modalidades, entre elas boliche, natação e tênis. A exemplo dos Jogos tradicionais, elas são realizadas a cada quatro anos. A próxima será em 2010, em Colônia, na Alemanha. “Nunca vi algo assim”, comemorou um jovem estudante de Chicago que se inscreveu nos Jogos junto com seu namorado.

Apesar do sucesso, houve adversários difíceis. Milhares de moradores e autoridades locais tentaram impedir que as competições fossem realizadas na cidade. Foram derrotados. Mais de mil funcionários trabalharam na operação, incluindo 180 que aderiram ao projeto como voluntários. Os equipamentos e a estrutura tecnológica foram patrocinados por várias empresas, entre elas uma chamada Gay Games, que investiu US$ 280 mil. É pouco provável que resistências como a de uma parte dos moradores de Chicago dêem resultados. O evento está consolidado. A Olimpíada Gay foi concebida por Tom Waddell, um decatleta olímpico. A primeira edição, com 1,35 mil participantes, ocorreu em San Francisco, também nos Estados Unidos, uma cidade conhecida pelo respeito aos direitos dos homossexuais. De lá para cá, o número de participantes não parou de crescer. Ultrapassou dez mil atletas na competição de Nova York e avançou em Amsterdã, na Holanda, que reuniu 13 mil participantes. O número caiu para 11 mil em Sydney, na Austrália, em 2002, mas voltou a crescer agora, justamente quando o ator Richard Chamberlain, adorado por mulheres americanas de várias gerações, admitiu na tevê sua homossexualidade. Ninguém chiou publicamente.

Chicago tem uma das maiores populações homossexuais dos Estados Unidos. Apesar de conceder a casais gays vários direitos, ainda não autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para os comerciantes, essas discussões ficam para depois. Importa agora o crescimento do faturamento, tanto que receberam turistas e atletas com os tradicionais arco-íris gigantes. O ambiente não chega a ser uma novidade para eles, pois Chicago recebe 450 mil pessoas em sua parada gay anual. Agora, a cidade está pronta para transmitir o legado dessa Olimpíada para a bela cidade alemã de Colônia.