Hiroshi entra no vagão de um trem em Tóquio e olha para o relógio – tem aula e não quer se atrasar. Do outro lado da cidade, Ken aguarda o transporte público e, enquanto espera, fica atento ao horário – ele também tem aula e não quer irritar o professor Sakuji Yoshimura, que detesta alunos não pontuais. Quando o relógio dos celulares do Japão marcarem oito horas, um dispositivo de alerta vibrará nos aparelhos de Hiroshi, de Ken e de outros dois mil alunos, avisando que o curso vai começar. Em vez de abrirem livros e cadernos, eles abrirão, estejam onde estiverem, seus celulares para a Cyber University, a primeira faculdade do mundo a oferecer cursos à distância 100% virtuais através da telefonia móvel. O celular já foi crucificado por ser um ótimo instrumento de “cola” para estudantes. Redime-se agora: com ele nas mãos, é possível estudar com seriedade sem pisar a sala de aula.

Inaugurada este ano, a Cyber University tem a permissão do governo japonês para conceder diplomas de bacharel a todos os estudantes que seguirem à risca um de seus 100 cursos ministrados pelo celular – alguns dos mais concorridos são cultura chinesa antiga, jornalismo online e literatura inglesa. As aulas também podem ser assistidas à frente da tela de um computador. “A minha obrigação, como educador, é corresponder às necessidades de quem quer aprender”, diz o professor e diretor da universidade, Sakuji Yoshimura. As aulas via celular funcionam com a tecnologia streaming (transmissão em vídeo pela internet). Da sala de Yoshimura, uma câmera de vídeo capta a imagem e o áudio e os envia (via ondas de rádio) para os aparelhos cadastrados. Durante a apresentação, o professor usa o programa de computador Power Point para “escrever” na tela de cada aluno os assuntos mais importantes que possivelmente serão temas de provas. “Os vídeos ficam gravados em arquivos dentro dos aparelhos. Qualquer dúvida, basta assistilos novamente”, diz Yoshimura. O curso está disponível apenas nos telefones da fabricante de celular Softbank, que é dona de 71% da universidade virtual. Os alunos não precisam pagar mensalidades, mas têm de arcar com os custos da operadora.

AP PHOTO/KYODO NEWS

PIONEIRO O professor Yoshimura dá aula pelo celular

Segundo dados da instituição americana U.S.Distance Learning Association, mais de cinco milhões de pessoas utilizam mensalmente a internet para estudar. A rigor, cursos à distância existem há tempo, mas agora há a grande novidade de se poder acompanhar as aulas no celular. A Cyber University seguiu os passos da tradicional universidade americana Stanford, que há 30 anos oferece cursos à distância – só que sofisticou tais cursos ao extremo, valendo- se das novas e mais avançadas tecnologias da telefonia móvel. Na Inglaterra, a não menos tradicional Open University, que funciona há 25 anos, já formou dois milhões de alunos via ondas de rádio. “São milhões de pessoas superando obstáculos, como doenças, quilômetros de distância ou mesmo falta de tempo para aprender uma boa lição”, diz Yoshimura.

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