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Há 11 anos no País, Benhnan frequenta as colunas sociais

Morando há 11 anos no País, o milionário Benhnam Baghai Sangari frequenta há tempos as mais famosas colunas sociais, ao lado de governadores e prefeitos. Nascido no Irã e inglês naturalizado, ele acaba de virar réu no Tribunal de Justiça de Brasília, acusado de envolvimento com a quadrilha do Mensalão do DEM. Ben, como gosta de ser chamado, fechou com o ex-governador José Roberto Arruda um contrato ilegal de R$ 289 milhões, sem licitação, para vender às escolas do DF kits de ciência fabricados por sua empresa, a Sangari. O esquema fraudulento foi revelado pelo delator Durval Barbosa.

Na ação civil pública que impetrou no Tribunal de Justiça do DF, o promotor Vetuval Martins concluiu pela ilegalidade do convênio de Ben com o governo local. O promotor diz que há “fortes indícios de acordos escusos” antes das eleições de 2006 entre Sangari e Arruda. “Não restam dúvidas quanto ao conluio dos envolvidos para a consecução do objeto ilegal e imoral, e consequentemente enriquecimento pessoal à custa dos cofres públicos”, diz o promotor. Nas reuniões, o grupo combinou de vender os kits escolares, “com a promessa de que o retorno seria compensador para a campanha de Arruda”, diz Barbosa. Os depoimentos confirmam as suspeitas. O diretor de programação da Secretaria de Planejamento do DF, Leolino Cezar Campos, disse que fez questionamentos sobre o contrato com a Sangari. “As especificações técnicas do termo de referência estão ausentes ou são genéricas, diz Campos.

A investigação prossegue. O milionário chegou com a família ao Brasil em 1999 e foi autorizado pelo Ministério do Trabalho a se instalar em Jarinú (SP). Ben também é dono da Zabaino Gestão e Investimentos, que tem sede no paraíso fiscal da Ilha da Madeira e possui 48% do capital da Sangari. Apesar de todas as provas e depoimentos contra ele, Ben nega envolvimento no esquema fraudulento. “Não estou entendendo o que está acontecendo”, disse, por meio de sua assessoria. Em depoimento ao MP, Ben disse que outras capitais também fizeram a contratação sem licitação. Ele sustenta que foi iniciativa do governo de Arruda procurar a Sangari para implantar um projeto educacional. Os parlamentares do DF pediram um dos kits da Sangari para conhecer melhor o material que em tese não teria concorrentes no mercado, para justificar a compra direta, mas se depararam com copos de plástico descartável, tubos de cola, grãos de feijão e canudinhos de refrigerante. “Não vi nada no kit da Sangari que o aluno não pudesse levar de casa”, diz o deputado Cabo Patrício.


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