Um susto bateu na eleição presidencial – só não se sabe ainda se é passageiro. O vice-presidente José Alencar, candidato à reeleição na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, na terça-feira 18 retirou do abdome um tumor de cinco centímetros de diâmetro, do tamanho de uma bola de pingue-pongue. Para saber se é maligno ou benigno, os médicos enviaram o material extraído para uma análise patológica. Esperava-se o resultado neste final de semana. Tranqüilo, com seu jeito bonachão, Alencar chegou a assumir interinamente a Presidência da República, de dentro do hospital, durante a viagem de Lula à Rússia e, na seqüência, à Argentina. Diante da excelente recuperação do pós-operatório, o vice anunciou que a partir desta semana já estaria em campanha ao lado de Lula. “Se os médicos deixarem, sem dúvida eu estarei lá”, brincou o vice sobre o primeiro comício da campanha de Lula, no sábado 22, no Recife. A situação de Alencar, contudo, pode não ser tão simples. O corte cirúrgico de 20 centímetros exige que o paciente fique ao menos dez dias em repouso. Ademais, ISTOÉ apurou que os médicos estão preocupados. Caso o tumor seja maligno, Alencar, aos 74 anos, terá que passar por tratamento de quimio ou radioterapia. Isso poderá retirá-lo dos embates mais difíceis na campanha presidencial.

Alencar já extraiu três outros tumores, todos malignos: um no rim direito, um no estômago e outro na próstata. Os dois primeiros foram descobertos em 1997 e o terceiro em 2000. Assim como desta vez, foram localizados em exame de rotina. Na quinta-feira 13, Alencar fez exames de rotina com seu cardiologista no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Aproveitou para fazer uma tomografia. Foi aí que os médicos detectaram um tumor no retroperitônio, região posterior do abdome, junto à musculatura lombar. Ele pediu para ser operado somente depois das eleições. Mas foi internado já na segunda-feira, para a extração no dia seguinte. Alencar tem outros problemas de saúde. No passado, submeteu-se à uma angioplastia com a colocação de um “stent” – mola que impede a obstrução das artérias. Por isso, há muito que a família lhe cobre de cuidados especiais. Seus dois filhos, por exemplo, não queriam que ele tentasse a reeleição. O primogênito, Josué, presidente da Coteminas, insistia com o pai para que aproveitasse a vida longe da política. Mariza, companheira de quase 50 anos, pedia muito ao marido para que voltasse à Coteminas a fim de ajudar Josué a tocar os negócios. Mas Alencar teimou em permanecer na política. O presidente Lula acompanha de perto a saúde de Alencar. Sua grande dúvida é se terá Alencar como vice na chapa da reeleição.