Um dos efeitos colaterais mais interessantes causados pela explosão do YouTube é a demanda por tecnologia mais barata e fácil de usar. Celulares logo foram convertidos em pequenas centrais de mídia, com as quais é possível captar, editar e publicar vídeos de forma simples e intuitiva. Melhor: a competição é feroz e o preço só faz cair. O mesmo acontece com as câmeras digitais. Hoje, qualquer um gasta 10% do valor que era pago há 5 anos para entrar na brincadeira e transformar-se em videomaker – isso sem falar nas webcams, já integradas a computadores, laptops e netbooks.

Mas o que filmar quando se está com a câmera nas mãos? Enquanto alguns escancaram suas vidas privadas, outros apontam a lente para o mundo. Considerado o marco inicial do chamado jornalismo cidadão, o ataque terrorista a Londres em 7 de julho de 2005, no qual 52 vítimas perderam suas vidas, foi amplamente documentado por pessoas comuns e exibido na internet. A partir daí, praticamente todos os eventos marcantes de nossa história recente foram registrados da mesma forma – basta lembrar das tristes e recentes imagens das enchentes que assolaram o Rio de Janeiro para confirmar tal afirmação.

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CINE INTERNET
Os diretores do curta “Tapa na Pantera” turbinaram suas
carreiras graças à exposição e ao sucesso no site

Esse tsunami jornalístico gerou consequências interessantes nos antigos donos da informação, forçando os grandes a ficarem ainda melhores. Redes de televisão americanas, como ABC e NBC, passaram a disponibilizar seu conteúdo na web e a exibir cada vez mais imagens captadas por seus espectadores. A CNN associou-se ao YouTube e agora exibe debates políticos na tevê e online. No Brasil, a Globo.com criou o Globo Media Center, área dedicada ao vídeo. Estratégia semelhante foi adotada pelo UOL, que abriu espaço em seus servidores para que os usuários subam seu próprio conteúdo. Já o Terra, portal que abriga o site de ISTOÉ, aposta na qualidade de produções profissionais e só publica material jornalístico enviado pelos internautas – um dos seus destaques – depois de checar as informações e filtrá-las. “O Terra TV é diferente do YouTube. As coisas são bem distintas, mas convivem naturalmente”, diz Antônio Prada, diretor de conteúdo para a América Latina.

A classe política também foi rapidamente seduzida. Nas últimas eleições presidenciais americanas, 7 dos 16 concorrentes anunciaram suas candidaturas pelo site. No Brasil, em pleno ano de pleito, a movimentação dos partidos já começou. Por onde anda, a candidata Marina Silva (PV) carrega um cinegrafista consigo. “O YouTube é muito bom para pontuar alguma frase ou proposta importante do candidato”, diz Fabiano Carnevale, secretário de comunicação do PV. Já o PSDB informa que a campanha de José Serra, presença fácil no Twitter, utilizará os meios digitais intensamente durante a disputa. Por sua vez, o PT passou a divulgar entrevistas de seus políticos e programas eleitorais veiculados na tevê no site de vídeos. Mas vale ressaltar que apenas o embate ideológico está autorizado pela legislação eleitoral – pedir votos, só a partir de 6 de julho, e em canais exclusivos de cada partido.

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“O YouTube é uma revolução em alta velocidade”
Sérgio Amado, publicitário

Muito provavelmente, Rafinha Bastos e seus colegas do “CQC” usarão esses vídeos protagonizados por nossos políticos para fazer piada durante a corrida presidencial que se anuncia. Ou alguém duvida que as chances de captarmos flagrantes potencialmente tão cômicos quanto o de George W. Bush limpando as mãos em Bill Clinton após cumprimentar um popular no Haiti sejam enormes? Câmeras para flagrá-los não faltarão. E espaço no YouTube, também não.

 

…E DEZ SUCESSOS 100% BRASILEIROS
 

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1 – TAPA NA PANTERA
Um dos primeiros hits nacionais, ressuscitou uma expressão da era bicho-grilo

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2 – AS ÁRVORES SOMOS NOZES
Um fiel é instruído a falar “O jardineiro é Jesus e as árvores somos nós”. Divirta-se

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3 – DEVOLVE MEU CHIP
O vídeo, feito da janela com uma câmera de baixa qualidade, rendeu mais de 500 mil acessos

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4 – JEREMIAS MUITO LOUCO
A entrevista com o preso embriagado transformou o repórter Givanildo Silveira em estrela

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5 – SANDUÍCHE-ÍCHE
A nutricionista que não se entendeu com o fone de ouvido foi até candidata a deputada

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6 – DANÇA DO QUADRADO
O clipe que manda cada um cuidar da sua própria vida já teve 15 milhões de acessos

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7 – CONFISSÕES DE UM EMO
Guilherme Zaiden participou da novela “Caminho das Índias” depois de seu monólogo

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8 – STEFHANY ABSOLUTA
A piauiense apareceu em vários programas de tevê e gravou um disco recentemente

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9 – “ATÓRO” UM PERIGO
Um vídeo de 17 segundos revelou um humorista e pôs um novo bordão na boca dos jovens

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10 – “VAI TOMAR NO C*”
O clipe da música, que repete a célebre frase ad nauseum, foi visto mais de 1,5 milhão de vezes  

Leia a íntegra da entrevista com Rafinha Bastos

Leia a íntegra da entrevista Stefhany Absoluta

Leia a íntegra da entrevista os diretores do curta “Tapa na Pantera"

Leia a íntegra da entrevista com a trupe Cia Barbixas do Humor

 

PARTE 1

PARTE 2

 

Colaborou Hugo Marques