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GLOBALIZADO
Descoberta mostra que o T-Rex também dominava o Hemisfério Sul

Nenhum outro dinossauro mexe com o imaginário humano como o tiranossauro rex. Senhor das pastagens do Hemisfério Norte até a extinção total dos répteis gigantes, o mais voraz dos carnívoros ocupava o topo da cadeia alimentar e tornou-se sinônimo de terror graças à sua truculência e ao seu apetite. Uma descoberta divulgada na semana passada, no entanto, mostra que o seu reinado foi muito mais sangrento e amplo do que os paleontólogos supunham. Um osso de 30 centímetros, encontrado por pesquisadores australianos e britânicos em uma caverna na Austrália, revela que uma espécie compacta do T-Rex também perambulou pelo sul do planeta espalhando o horror. Com “apenas” três metros de altura e 80 quilos, o novo dinossauro foi classificado como um ancestral direto dos fósseis já encontrados na América do Norte, na Europa e na Ásia – esses, sim, monstros com até cinco metros de altura e 14 de comprimento – e comprova que a espécie se espalhou por toda parte da Terra, quando os atuais continentes formavam um único bloco. “Nosso fóssil tem cerca de 110 milhões de anos e data da época em que as placas que formam nossos continentes já haviam se separado. Esse detalhe específico nos leva a crer que a espécie ficou isolada no sul”, diz o paleontólogo britânico Roger Benson, da Universidade de Cambridge, um dos líderes dos trabalhos realizados na província australiana de Victoria.

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O pesquisador explica que o que liga sua descoberta aos fósseis de T-Rex encontrados no Hemisfério Norte desde o início do século XX é o formato singular do osso do púbis. “Ele se parece com uma vara ligada a uma bota em uma de suas extremidades. Nos tiranossauros, bem como em nosso fóssil, essa ‘bota’ é muito grande”, afirma Benson à ISTOÉ. “A diferença é que o animal recémdescoberto era uma miniatura.” A disparidade de tamanho entre os indivíduos encontrados nas duas metades da Terra pode ser explicada graças à dimensão de suas presas. De acordo com a teoria da evolução, sabemos que vítimas maiores forçam o crescimento de seus predadores – o que é exemplificado em fósseis com crânios de até 1,5 metro de comprimento e dentes de 30 centímetros, já catalogados pelos cientistas. Seguindo o raciocínio proposto pelo paleontólogo britânico, podemos supor, então, que o nervoso T-Rex anão também tenha passeado por terras brasileiras? “Claro que sim! Agora esperamos encontrar pequenos tiranossauros em outros pontos da Oceania, da América do Sul, da África e até mesmo da Antartica”, afirma Benson. Que comecem as buscas.