Carina montou parte da sua coleção em viagens

Se um dia você ouvir um adulto dizer para o filho pequeno não mexer em seus brinquedos, não estranhe. Para algumas pessoas, certos bonecos, miniaturas e fofas figurinhas não pertencem à categoria de produtos que podem ser inocentemente carregados por mãos infantis. Dentro desse universo, além dos colecionadores de "coisas" da infância, estão os admiradores da toy art, brinquedos feitos com um toque de arte urbana. Os produtos dessa linha são inspirados na cultura pop e muitos levam a assinatura de artistas cultuados, caso do pintor e produtor de cinema Gary Baseman. Outros brinquedos se destacam pelo design surrealista, como peças com duas cabeças e três pernas ou bichinhos com expressão meiga, mas de garras afiadas e sangrentas.

Quem consome esses produtos tem, geralmente, perfil mais moderno, embora haja interessados de diversas idades – inclusive os mais velhos. "As pessoas gostam do lúdico na vida. Há brinquedos para todos, dos fofos aos mais macabros", diz a historiadora de arte Nina Sander, dona da Plastik, a primeira loja especializada do País.

SUCESSO A maioria dos toys é importada, como o boneco UniPo (acima), dos EUA.

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É bom salientar que os itens não são baratos. Um boneco pequenino pode custar mais de R$ 100 no Brasil. E em leilões pela internet essas cifras sobem até chegar aos US$ 1 mil, especialmente se for uma invenção de artista badalado. No site da loja americana KidRobot, uma das mais famosas, basta clicar em nomes como Dave Horvath, criador dos populares uglydolls (bonecos feios, em inglês), para descobrir que muitos deles estão esgotados – até porque toy art que se preza tem série limitada. Não se trata, portanto, de adquirir uma Barbie com roupa de grife. Afinal, a loira tem produção industrial.

O fenômeno surgiu no Japão nos anos 90 e se transformou em febre na Europa e nos EUA por volta de 2003. No Brasil, a mania começou com os fãs comprando os objetos em viagens no Exterior. Em alguns casos, os adeptos incrementam coleções de brinquedos que já mantinham ou investem em produtos que não nasceram propriamente como toy art. Há dois anos, a estilista Carina Duek vem comprando toy art fora do País. Ficou tão apaixonada que montou em sua loja uma parede repleta desses brinquedos. "Sempre tem alguém querendo comprar e tenho de responder que eles não estão à venda", diz ela. A boa notícia é que os produtos nacionais estão aumentando nas prateleiras.

O designer André Alcântara, da Tosco Toys, lança em julho sua terceira coleção. "Ela seguirá a linha irônica", diz. Seus bonecos anteriores eram monstros e caveiras. Também em julho, em Salvador, uma exposição com fotos de 20 artistas exibirá toy arts de todas as regiões do Brasil, com direito à produção de DVDs. Os participantes tiveram de se inscrever e enviar imagens de alta qualidade. Prova de que o mercado cuida do tema com seriedade.


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