Há 150 anos, uma guerra feroz rachou ao meio os Estados Unidos. No Norte desenvolvido, os yankees queriam o fim da escravidão da qual o Sul dos confederados não abria mão. Os yankees venceram e por um tempo foram sinônimo de progresso. Na década de 60 do século passado, o líder da luta pelos direitos civis Martin Luther King foi brutalmente assassinado.

Era o auge da Guerra Fria e esquerdistas no mundo inteiro carregavam faixas dizendo "Yankees, go home!" Yankees, agora sinônimo de vilania, eram convidados a voltar para casa.

A roda da história deu mais uma volta na semana passada com a posse de Barack Obama. E novamente esses acontecimentos vieram à tona no país mais poderoso do mundo, provocando novas emoções. Para definir a comoção inédita que varreu todo o país, é preciso entender o carregado simbolismo da chegada ao poder do primeiro presidente negro da maior potência de todos os tempos.

Obama tomou posse um dia depois do feriado devotado a Luther King, hoje uma espécie de santo, um apóstolo da igualdade. Pois quando Obama ainda era criança, a luta de Luther King era contra a discriminação racial que estabelecia banheiros separados apenas para negros, que também só podiam viajar na parte de trás dos ônibus, comer em lugares segregados e estudar em escolas de pior qualidade.

Durante toda a véspera da posse de Obama, a exaltação a Luther King tornava inevitável a associação com o feito do novo presidente, quase um milagre histórico. E isso conferiu uma atmosfera quase sagrada, religiosa mesmo, que permeava todas as cidades, todas as classes, todos que vivem aqui.

Obama representa uma nova face simpática de um império que nos últimos anos se isolou do mundo talvez por deixar de lado os valores humanistas fundamentais. Obama simboliza a chance de retomada desses valores.

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Quem sabe os yankees um dia voltem a ser mocinhos novamente? Quem sabe Obama encontre uma forma de o império mostrar sua face mais aceitável? "Yankees, come here!" Venham para cá. Será que um dia a gente vai ver essa faixa por aí?


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