i64048.jpgPara um grande grupo de pessoas, manter o corpo bronzeado deixou de ser apenas um desejo de verão e se transformou em obsessão. Elas não conseguem ficar um só dia sem tomar sol ou freqüentar câmaras de bronzeamento. E, apesar de reconhecerem os riscos dessa exposição exagerada – como maior chance de desenvolver câncer de pele –, não se contêm. Elas sofrem de tanorexia, um tipo de dependência caracterizada pela vontade incontrolável de se expor ao sol. O transtorno vem sendo observado há algum tempo, mas agora um estudo recém-divulgado deu a primeira dimensão de seu impacto.

Realizado pelo Fox Chase Cancer Center, nos Estados Unidos, o trabalho avaliou sua incidência entre cerca de 400 estudantes da Universidade Commonwealth, também nos EUA. Os participantes responderam a um questionário inspirado em outro, usado para medir o grau de dependência química em pacientes. Perguntas como “você acha que precisa gastar mais tempo no sol para manter o bronzeado perfeito?” ou “você tem convicção de que sua exposição exagerada pode causar câncer de pele?” estavam entre as questões. Para surpresa dos pesquisadores, 27% dos entrevistados foram classificados como dependentes – a porcentagem foi bem mais alta do que imaginavam. Outros 40% relataram já terem feito bronzeamento artificial ainda na adolescência.

Curiosamente, o problema estava mais relacionado à exposição ao sol do que ao bronzeamento artificial. Agora, os cientistas querem saber as razões que levam à dependência. “Vamos descobrir mais sobre essas motivações e a partir disso desenvolveremos intervenções que reduzam o comportamento”, explicou Carolyn Heckman, uma das líderes do trabalho.

Além do risco maior para câncer de pele, o transtorno eleva a chance de envelhecimento precoce da cútis, segundo a dermatologista Luciana Scattone, de São Paulo. O tratamento segue a mesma receita adotada para outras compulsões. “O paciente deve ser tratado com medicamentos específicos e terapia cognitivo- comportamental, o que o ajuda a mudar seus hábitos”, explica o psiquiatra Márcio Versiani, coordenador do Programa de Ansiedade e Depressão da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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