i64037.jpgTônico de limpeza, loção contra olheiras e hidratante para o corpo na pia do banheiro. Imaginou uma mulher em frente ao espelho? Enganou-se. São os homens a atual sensação da indústria de cosméticos. A novidade é que eles passaram da fase básica, na qual se usa apenas um creminho e olhe lá, para a, podese dizer, profissional mesmo. Eles se renderam aos esmaltes, corretivos faciais, tintura e loções, além, claro, dos potes de cremes. Só no ano passado, a fatia masculina do mercado de cosméticos faturou R$ 1,9 bilhão. Por isso, há lançamentos em seqüência de linhas exclusivas. A francesa Vichy, por exemplo, acaba de mandar para as lojas oito produtos específicos para esse público – entre os quais, um anti-rugas. Marcas consagradas, como Biotherm, Dior e Lancôme, também começaram a divulgar seus produtos recentemente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, há dez anos apenas um em cada 100 brasileiros usava algum tipo de produto contra o envelhecimento. Hoje, a proporção é de um para 15. Número que ajuda a fazer do País o segundo no ranking mundial de cosméticos masculinos, atrás somente dos Estados Unidos.

A maioria dos pacientes do dermatologista Fábio Cuiabano, por exemplo, aceita usar até três produtos ao dia, como gel de limpeza, filtro solar e cremes à base de ácidos. "É uma transformação enorme. Até pouco tempo atrás, os homens só me procuravam quando tinham doenças. Hoje, querem melhorar a aparência", diz. Ele estima que 30% de sua clientela seja masculina. "Prescrevo produtos específicos para homens, pois é mais fácil para o paciente se acostumar. Além de serem apropriados ao tipo de pele, ele não fica com a sensação de que está usando coisa de mulher", diz Cuiabano. A pele masculina, devido à testosterona (hormônio masculino), é mais espessa e oleosa.

Segundo pesquisa da Vichy com 148 dermatologistas do Rio de Janeiro e de São Paulo no início do ano, a oleosidade foi a principal reclamação de 52% dos homens que chegaram aos consultórios. É o caso do empresário Renato Bisoni, 33 anos, que procurou o dermatologista Marcelo Bellini. Antes ele só usava desodorante, xampu, condicionador e perfume. Hoje não sai de casa sem protetor solar e à noite aplica um hidratante para peles oleosas. "Só pedi que fosse um tratamento prático, para não ter que passar várias coisas no rosto. Quero estar com uma aparência boa, mas tem limite, né?", brinca.

A praticidade é outra característica das linhas masculinas. São produtos de fácil aplicação, mais fluidos e de rápida absorção. Nada pegajoso. "Homem detesta essa sensação. Também preferimos produtos multifuncionais, como um pós-barba que hidrate", explica Bellini. O fisioterapeuta José Luiz Fernandes, 45 anos, é exceção: ele passa creme para a área dos olhos e outro para o pescoço, fora o hidratante corporal. "Quem precisa tem mais é que usar mesmo", diz. "O potencial desse mercado é enorme", afirma Fábio Giliolli, gerente de cremes e loções do O Boticário, cuja linha de produtos para homens deve aumentar neste ano.