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Barack Hussein Obama começa o seu governo com uma enorme vantagem sobre o antecessor: o apoio e a torcida multilateral para que ele dê certo. A esperança depositada em Obama abre espaço para um amplo acordo, um verdadeiro "new deal" pela reconstrução das finanças globais. Seu discurso de posse, repleto de simbolismo, já convocava à união. "Para todos os povos e governos que estão nos assistindo hoje, das mais grandiosas capitais à pequena aldeia onde meu pai nasceu: saibam que os EUA são amigos de cada nação e cada homem, mulher e criança que busca um futuro de paz e dignidade", disse o novo presidente dos EUA. Estava, naquela tarde da terça-feira 20 – exatas quatro décadas após a morte do líder Martin Luther King -, diante de quase dois milhões de pessoas, espremidas sob um frio de menos sete graus, na capital Washington, e falando para mais de três bilhões de espectadores, público estimado que o assistia em vários continentes. A audiência e o interesse pelo que dizia Obama, recorde em ocasiões semelhantes, são um bom sinal. A cerimônia, quase inacreditável, dada a trajetória do país que a acolhia (marcada por conflitos raciais) e de seu maior protagonista, ficará na história. Como lembrou o próprio Obama, "um homem cujo pai, há menos de 60 anos, poderia não ter sido servido em um restaurante da área, está agora aqui fazendo o mais sagrado dos juramentos". O mundo pareceu celebrar, numa ansiedade coletiva, a crença numa solução Obama, por tudo que ele representa. E é essa virada de expectativas que pode servir de marco da nova fase, de motor a impulsionar mudanças. Obama quer quebrar paradigmas, rever barreiras regulatórias, políticas e econômicas. Vai lançar sobre as mesas dos parlamentares do Capitólio pedidos de mais de US$ 800 bilhões em reformas. Quem irá dizer não a ele diante da mobilização que o cerca?

Com um propósito claro, Obama escolheu a Bíblia de Abraham Lincoln para prestar o juramento. Quer fazer um governo que resgate os valores do sonho americano, muito além de uma solução econômica pura e simples, como pensou Roosevelt depois do crash de 29. As ambições são muitas, como também são enormes os desafios que o aguardam. Mas a frase que marcou a sua campanha, "Yes, we can" (sim, nós podemos), mais do que nunca será posta à prova e pode se converter numa espécie de mantra de que dias melhores virão.