i63875.jpgFinalmente uma notícia boa para a família do menino João Roberto Amorim Soares, morto no dia 7 de julho, aos três anos de idade, quando policiais militares atiraram por engano no carro de sua mãe, no Rio de Janeiro. A juíza Cristiana Aparecida de Souza Santos, da 4ª Vara da Fazenda Pública, determinou ao Estado que pague uma pensão de R$ 4.150 mensais, nos próximos seis meses, à família de João Roberto. O valor corresponde ao salário que o pai do menino, o taxista Paulo Roberto Barbosa Soares, deixou de ganhar devido ao trauma que o impediu de trabalhar. O Estado também foi condenado a pagar R$ 1.245 (durante o mesmo período) a cada um dos integrantes da família para custear tratamento psiquiátrico. “É uma decisão justa, devido a tudo o que estamos passando”, afirmou Soares à ISTOÉ.

A Justiça antecipou parte dos pedidos que constam no processo de indenização por danos morais e materiais que a família move contra o Estado do Rio. “Determinar ao Estado que arque com as verbas para tratamento psiquiátrico das vítimas de violência policial é um precedente importante para outros casos”, diz o advogado da família, João Tancredo.

A história de João Roberto comoveu o País. Na fatídica noite, policiais militares acertaram 17 tiros no carro de Alessandra Soares, que saía com seus dois filhos de uma festa de aniversário. O veículo foi alvejado quando ela encostava para dar passagem à polícia durante uma perseguição a bandidos na Tijuca, zona norte da cidade. João Roberto, o mais velho, foi atingido por três disparos. A mãe foi ferida por estilhaços e o mais novo, na época com oito meses, saiu ileso. O soldado Elias Gonçalves Neto e o cabo William de Paula, acusados do crime, estão presos em um quartel. Após a tragédia, Soares passou a se envolver em discussões de políticas públicas de segurança. “A morte do meu filho não pode ter sido em vão”, diz. Soares gostaria de ver policiais mais bem preparados e mais bem remunerados. Também sugere que as vítimas de violência policial não desistam de exigir seus direitos na Justiça. “Quando o Estado descobrir que seria mais barato investir em segurança pública que indenizar as vítimas, talvez alguma atitude seja tomada”, diz. Com um filho para cuidar e uma nova gravidez da esposa, Soares hoje sonha em ser feliz novamente. “Eu quero voltar a viver”, afirma.