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Em “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, de 1997, primeiro livro da série escrita pela britânica J.K. Rowling, o aprendiz de bruxo e personagem- título ganha como presente de Natal uma capa que o torna invisível. A história, sucesso também no cinema, é um exemplo recente do quanto a possibilidade de desaparecer ao sabor da própria vontade estimula a imaginação humana. Um século antes, outro inglês, H.G. Wells, explorou a fórmula na obra de ficção científica “O Homem Invisível”, que mostra o drama de um cientista que consegue a invisibilidade, mas não sabe como voltar ao normal. Um estudo desenvolvido por três cientistas alemães e um inglês acaba de chegar o mais próximo, até hoje, de uma capa como a de Harry Potter. Os pesquisadores desenvolveram um metamaterial – elemento que não existe na natureza – que desvia as ondas eletromagnéticas, inclusive a luz, tornando invisíveis as três dimensões de um objeto. A capa tinha 90 mícrons de comprimento por 30 de largura e 10 de altura (um mícron é o resultado da divisão de um metro por um milhão). O que foi escondido por ela – um pedaço de ouro – possuía apenas 10% desse tamanho.

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FANTASIA
Cientistas querem criar invento popularizado pelo bruxo Harry Potter

O estudo foi publicado na revista especializada “Science Express”. Não é a primeira vez que cientistas fazem algo do tipo. Um experimento realizado na Universidade Duke, nos EUA, em 2006, fez com que uma capa semelhante ocultasse objetos, mas apenas em duas dimensões. Algo com tamanho suficiente para ocultar uma pessoa, porém, ainda está longe de ser criado. Para viabilizar a estrutura de invisibilidade, de tamanho microscópico, os cientistas levaram três horas usando uma técnica de raio laser. “Para fazer algo do tamanho de uma pessoa demoraríamos uma eternidade! Não há possibilidade, com o que temos hoje, de tornar um humano invisível”, afirma Nicolas Stenger, do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, um dos responsáveis pela pesquisa. O cientista, porém, faz uma ressalva: “Mas quem sabe o que vai acontecer no futuro? Há apenas dez anos, era impensável garantir a invisibilidade a qualquer objeto, por menor que ele fosse.”

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Uma camuflagem desse tipo, capaz de ocultar soldados e veículos, há anos faz parte dos planos do Éxército americano. A intenção do estudo mais recente, no entanto, é mais nobre. “Não temos nada a ver com pesquisas militares e vamos nos manter afastados delas o máximo possível”, garante Stenger. “Essas estruturas podem servir para captar energia solar com mais eficiência e produzir eletricidade.” Segundo o pesquisador, a tecnologia terá ainda mais importância em um futuro próximo – o novo experimento é apenas mais um passo para entendêla. Como não temos a mágica de Harry Potter, só nos resta esperar.