Depois de um outono quente, a temperatura começa a baixar. Chegou a hora de repaginar o guarda-roupa, aproveitando peças antigas e investindo nas novidades. Os fashionistas (especialistas do mundinho fashion) insistem em dizer que a moda é não andar na moda. Mas a cada troca de estação muitas tendências se tornam inevitáveis. É só passar o olho na vitrine e conferir. Não faltam botas, saias rodadas, bolerinhos e ponchos. Mas é apenas o começo.

“Romantismo, feminilidade e praticidade serão palavras de ordem”, afirma a consultora de moda e diretora de imagem Manu Carvalho. Para ela, o inverno será de misturas. “Haverá um certo caos no bom sentido, com muita mescla de materiais, estilos, cores e informações em um mesmo look.” Muito amplo? Ela explica: “Deve-se combinar peças leves com pesadas. Um visual mais conservador pode ser quebrado com um tênis despojado”, ensina. No jogo das contraposições, a consultora de moda Costanza Pascolato aposta na dupla casaqueto com o jeans. “Veremos muitos casaquinhos estruturados e miniblazers de sabor burguês. Para quebrar a formalidade, um jeans de lavagem escura é bacana”, ensina a consultora.

Se a moda brasileira seguir os mesmos passos da européia, esse jeans
poderá ser sobreposto por botas quentes e confortáveis. O que não quer dizer que elas sejam bonitas. Pelo contrário, na Europa e nos Estados Unidos as tais botas foram batizadas de Ugg, do termo uggly, feio, em inglês. “Mas a brasileira é
vaidosa demais para isso. Gosta de bicos finos e saltos altos”, alerta Costanza. Essa vaidade fez nascer uma espécie de “ugg” bonitinha: uma bota com pêlos, nada rasteira, de bico fino.

Ponchos – Na Europa as botas vão bem com minissaias, mas por aqui não devem pegar. É que as saias da vez são rodadas, godês, cheias de babados e volume. “Após longos anos da ditadura das calças, a feminilidade está em alta”, sintetiza Costanza. Por cima das tais saias rodadas, caem bem os mesmos bolerinhos e jaquetas que aparecerão com o jeans, ou os ponchos, uma das poucas peças que favorecem as gordinhas. Em diferentes tamanhos e cores, do mais longo à clássica pelerine (modelo evasê com amarração na frente), a peça não marca a silhueta. Outro curinga na hora de esconder os quilinhos, o preto está de fora. “Vale tudo, menos ele”, brinca Manu Carvalho. A vantagem é que outros tons escuros estão na área. “Haverá muito marrom, verde, azul, roxo e bordô”, completa a especialista. Para sustentar essa gama de cores, a lã, em tricô ou crochê, está em alta. Outros tecidos invernais como o tweed e o veludo (cotelê ou molhado) também têm espaço.

Desdobramento da moda feminina, a masculina, depois de duas temporadas cheias de cores e estampas, chega mais minimalista. A silhueta será mais alongada e as calças mais justas. Aposta-se no veludo, na lã, até nos acessórios. “Hoje os homens podem abusar de detalhes antes proibidos”, diz. Dá para usar um cachecol diferente com uma produção básica”, exemplifica Manu. Vale apostar nos clássicos. “Xadrez é sempre um hit de inverno. O couro nunca sai de moda”, justifica.