Alberto Baraya – Nova Brasiliensis/ galeria Nara Roesler, SP/ até 17/4 Expedição Langsdorff/ Centro Cultural Banco do Brasil, SP/ até 25/4

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PASSADO
Aquarela “Sagui-da-serra”, de Rugendas, desenhista da
expedição Langsdorff, está a serviço da classificação de espécies

Em 1821, o barão Georg Heinrich von Langsdorff ganhou financiamento do czar da Rússia para empreender uma expedição do Rio de Janeiro ao Pará, percorrendo 17 mil quilômetros de terras do interior do País. Em 2007, o artista colombiano Alberto Baraya foi convidado pela curadoria da 27ª Bienal de São Paulo para uma residência artística em Rio Branco, no Acre. Sua pesquisa de campo deu origem a uma seringueira artificial, feita com a borracha das árvores locais, como um desdobramento do projeto Herbário de Plantas Artificiais. Hoje os trabalhos sobre os seringais integram a primeira exposição individual do artista em São Paulo, ao lado da recente série “Nova Brasiliensis”, um estudo sobre as orquídeas brasileiras “made in China” e feitas de plástico. Guardada a distância entre os dois eventos, um estreito paralelo forma-se aqui: se nos séculos XVIII e XIX, a Europa vivia uma verdadeira corrida pelo controle do conhecimento,  lançando missões científicas aos quatro cantos do planeta, hoje assistimos à expansão das  estratégias de mercado,também visando à conquista de territórios. Em duas exposições em cartaz em São Paulo, visualiza-se esse salto no tempo.

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PRESENTE
Orquídea de plástico, de Alberto Baraya

No CCBB, os 120 desenhos e aquarelas produzidos por Johann M. Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hercules Florence devolvem ao País o meticuloso mapeamento que a expedição Langsdorff produziu da fauna, da flora e da sociedade brasileira oitocentista. Chama a atenção o contraste entre as imagens de uma natureza exuberantemente bela e o texto do diário de Langsdorff, desmistificando o cenário: “Como essa terra poderia ser rica se não fosse tão mau administrada.” A crítica também dá o tom da mostra de Baraya, cujas estratégias parodiam os métodos científicos. “O Herbário de Plantas Artificiais é um ensaio ético-estético. Uma constatação das estratégias de mercado das multinacionais e um comentário irônico sobre as origens dessas expedições do passado com consequências no nosso presente”, diz o artista.

Expedição Langsdorff- Centro Cultural Banco do Brasil /SP at