dragaosite.jpg

Assista ao trailer de "Como treinar seu dragão", nova animação da Dreamworks

img.jpg
FANTASIA PARA TODOS
O menino viking Soluço e seu amigo Banguela num voo panorâmico sobre o oceano (foto). O desenho do animal
combina pantera-negra e morcego e a sua forma privilegia a aerodinâmica

Ao negociar a venda dos estúdios DreamWorks para a Paramount em 2006, o executivo Jeffrey Katzenberg quis ficar com o departamento de animação. Ele sabia que ali se escondia a nova mina de ouro do cinema – e que esse departamento logo se tornaria, ele próprio, um estúdio à parte. Tanto é assim que neste ano, quebrando o seu próprio recorde, a DreamWorks Animation vai lançar três desenhos digitais, o primeiro deles “Como Treinar o Seu Dragão”, que tem estreia mundial (o Brasil incluído) na sexta-feira 26. Logo na sequência dessa história, centrada em um garoto viking que trava amizade com um monstro alado, chegarão às telas o quarto e último episódio de “Shrek” e também “Megamind”, uma sátira ao mundo dos super-heróis. Levando-se em conta que uma obra do gênero consome em média quatro anos para ficar pronta, é uma concentração de esforços considerável. Essa produção acelerada atende a uma demanda recente. Com os avanços da computação gráfica, esse tipo de filme atingiu um outro patamar – e isso sem desmerecer a formidável produção de Walt Disney, sem a qual não existiria a atual mania de “animais falantes”.

img2.jpg

Desenhos animados são hoje verdadeiras obras de arte tecnológicas sobre mundos artificiais que nem o pioneiro do cinema mudo, Georges Méliès, primeiro defensor da criação de universos fantásticos, sonharia em realizar. A outra conquista desse segmento é que ele não visa mais apenas à criança. Dirige-se a toda a família, equilibrando a magia que encanta os filhos com um humor sofisticado dirigido aos adultos. Portanto, não é de surpreender que entre os 50 filmes mais vistos de todos os tempos 11 sejam desenhos animados. E que todos eles tenham sido produzidos a partir de 1995, quando deuse o início da revolução digital. Nessa corrida em direção ao novo filão, uma questão urgente se coloca para os estúdios: como inventar personagens inéditos que não frustrem a expectativa do espectador, já acostumado à excelência do gênero. Afinal, não é todo dia que se tem a ideia de criar um urso-panda que aprende artes marciais, um robô enferrujado numa Terra devastada ou um arrogante boneco astronauta cujo nome homenageia o tripulante da Apolo 11, Buzz Aldrin. Dono da maior bilheteria de um desenho com “A Era do Gelo 3 – Despertar dos Dinossauros”, que faturou US$ 887 milhões ao redor do mundo, o animador brasileiro Carlos Saldanha, contratado pelo estúdio Blue Sky, teve carta branca para apostar em um personagem raro nesse zoológico digital: uma arara.

img1.jpg
PROJETOS
Katzenberg vai acabar com “Shrek”. Mas vem
aí filmes com seus amigos Jumento e Gato de Botas

Ele se encontra no momento  às voltas com “Rio”, previsto para estrear no ano que vem. O enredo acompanha  uma colorida ave nacional criada no cativeiro nos EUA, que, ao viajar ao Brasil, decide ficar no País. Animações sobre pássaros são escassas nesse universo porque suas penas são difíceis de “renderizar” (ferramenta de computação gráfica que consiste em comprimir a informação digital para se criar uma imagem). Com os avanços mostrados em “Up-Altas Aventuras” por meio do personagem de Kevin, uma ave pernalta em extinção, um outro segmento começa a se abrir. “Meu filme vai estar repleto de pássaros e, embora esse seja um campo novo para a animação, vai se passar em uma cidade e uma paisagem que conheço bem”, disse Saldanha em recente entrevista. Na falta de bichinhos, bonecos ou objetos que na tela ganham vontade própria, a saída imediata dos estúdios é dar vida longa aos personagens, caso do citado Buzz Lightyear, reeditado em “Toy Story 3”, com lançamento previsto para junho. A outra alternativa é ir atrás de tramas já consagradas, expediente da DreamWorks em  “Como Treinar o Seu Dragão”, que já havia testado um personagem parecido em “Shrek”. O enredo parece original, mas foi baseado em um livro de sucesso na Inglaterra, a obra homônima de Cressida Cowell, lançada em 2003 e que chega ao Brasil juntamente com o filme.

img3.jpg
Filme sobre o universo dos vikings é baseado em um best seller
infanto-juvenil. Seu custo foi de US$ 165 milhões

Passado numa tal ilha de Berk, o longa-metragem conta as aventuras de Soluço, o filho do mais valente viking da aldeia que quer fazer do rebento um grande caçador de dragões. O menino aprende coisa melhor: ao entrar em contato com um desses animais, ferido numa perseguição dos guerreiros, torna-se um mestre em domá-los. Todas as suas reviravoltas nascem de sua vontade de provar a seu povo que esses monstros parecidos com morcegos e que cospem fogo podem virar animais de estimação. O garoto viking tem algo de Harry Potter, claro, e isso faz parte do target para atingir em cheio o público infantil. Esse é um dado novo nos filmes da DreamWorks, que ultimamente vinha investindo em personagens adultos (só na idade, naturalmente). Veja o caso de Shrek, que em sua última aventura vai aparecer mais velho, pai de três pequenos ogros. Outra mudança do estúdio em “Como Treinar o Seu Dragão” foi privar o animal de um detalhe caro ao gênero: o dom da fala. Pode parecer irrelevante, mas desde as fábulas de Esopo isso é o que faz o charme dessas narrativas. A bilheteria vai dizer se a decisão foi acertada. 

img4.jpg 

 

img5.jpg