Hélio Oiticica – Museu é o mundo/ Itaú Cultural, Parque Mário Covas, Teatro Oficina, Pinacoteca do Estado, Casa das Rosas, Parque do Ibirapuera, SP/ de 21/3 a 16/5

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LABIRINTO
Penetrável “A Invenção da Luz” é estrutura a ser percorrida pelo público

Esta ainda não é a exposição itinerante anunciada pela família Oiticica e pelo Ministério da Cultura para levar ao País as obras recuperadas do incêndio que atingiu quase 90% do acervo de Hélio Oiticica, em 16 de outubro passado. Segundo o Itaú Cultural, a exposição “Hélio Oiticica – Museu É o Mundo” começou a ser concebida antes do incêndio. Com um garimpo na coleção César e Claudio Oiticica, que possui 90% do total da obra de Hélio Oiticica, e de museus e coleções particulares – que somam os 10% restantes –, a mostra chega a um conjunto significativo de mais de 100 obras do artista carioca. A sensação já é de renascimento entre as cinzas. A decisão por distribuir os “Penetráveis” em espaços públicos fora do Itaú Cultural está entre os maiores acertos. Os “Penetráveis” constituem a síntese do projeto ambiental de Oiticica e foram criados para ser exibidos fora dos limites dos museus. Destacam-se “A Invenção da Luz”, instalado no Parque Mário Covas, e “PN14 Map”, no Jardim das Esculturas do Parque do Ibirapuera. No Itaú Cultural, a exposição mostra a trajetória de Oiticica desde a pintura construtivista dos “Metaesquemas” até o que o curador Fernando Cocchiarale denomina “construtivismo favelar”, com características da arquitetura da favela carioca.

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COR EM EXPANSÃO
“Relevo Espacial” foi o primeiro passo da pintura rumo ao espaço

“Ele chega à Tropicália por meio de um processo que se inicia no quadro convencional da pintura ocidental, mas que progressivamente desconstrói em direção a uma experiência brasileira”, afirma Cocchiarale. A trajetória de Oiticica é marcada pelo projeto de transformar o antigo quadro da pintura em uma estrutura penetrável pelo público. Como bom pintor que foi nos anos 50, Oiticica tinha na cor a grande realização de seu trabalho. Mas a vontade de ganhar o espaço começa a se manifestar já nos “Relevos Espaciais” e depois nos “Bólides”, de meados dos anos 60. Era como se a expansividade da cor transbordasse os limites da tela, vibrando e ganhando fisicamente o espaço tridimensional. Já os “Parangolés” – obras que nos anos 70 vestem passistas da Mangueira – corporificam a necessidade que Oiticica sentia de “dar à cor uma nova estrutura, darlhe corpo”. Com os “Parangolés” e os “Penetráveis”, o artista atinge a “dimensão infinita da cor”. O segundo grande acerto da mostra é a inserção dos textos que Oiticica escreveu durante toda a vida e que orientam o espectador na consistência teórica de sua obra.

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