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METAMORFOSE
“Não posso dormir ministro e acordar na oposição”, diz Juca Ferreira

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O Partido Verde defende uma vida zen e preocupada essencialmente com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Mas um racha interno mostra que, na prática, o PV não é diferente dos demais partidos, divididos por disputas internas e egos inflados. Sob o pretexto de uma desavença na Bahia e preocupado com os rumos da sucessão presidencial, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, decidiu suspender sua filiação do PV por 12 meses. Ele prefere deixar o partido a deixar o ministério e não vê nenhuma incoerência nessa decisão. “Não posso dormir ministro e acordar na oposição”, disse Ferreira à ISTOÉ. Se dependesse do ministro, o PV embarcaria na campanha da ministra Dilma Rousseff e nem sequer teria lançado a senadora Marina Silva (AC) à Presidência. Fundador do partido, Ferreira acumula uma lista de insatisfações. “O PV se tornou pragmático, fisiológico, conservador e de direita”, ataca. Segundo ele, a gota d’água foi o “movimento hostil” do PV ao lançar o deputado federal Luiz Bassuma para o governo da Bahia. “Ele é contra o programa do PV, um espírita de resultado, contra políticas públicas para mulheres que interrompem a gravidez e o Estado laico.

Saiu do PT e deveria ter ido para o DEM,  não para o PV”, afirma o ministro, que na Bahia está decidido a  apoiar a reeleição do governador Jaques Wagner (PT). Ferreira conta que, com a chegada de Marina ao PV, acreditou que a situação iria melhorar. Mas logo ficou decepcionado com a aproximação da senadora com o deputado Fernando Gabeira e o vereador Alfredo Sirkis, no Rio de Janeiro, e o presidente do PV, José Luiz Penna, em São Paulo, o que, em sua opinião, reforçou a tendência de alianças com o PSDB e o DEM. “Juca foi escalado por Dilma para atacar Marina e assim permanecer no ministério”, rebate Sirkis. Como se vê, não há diálogo possível e a decisão de Ferreira de pedir a suspensão do PV, tomada na quarta-feira 10, é um passo rumo à desfiliação. “Agora, tenho o direito de me movimentar a partir de critérios pessoais”, diz o ministro. Seus critérios, hoje, estão afinados com os do governo Lula.