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PARTIDÁRIO
Geddel priorizou cidades comandadas pelo seu PMDB

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Desde que assumiu o Ministério da Integração Nacional, no início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Geddel Vieira Lima tem demonstrado um apreço raro por sua terra natal, a Bahia. No ano passado, no entanto, as fartas demonstrações de preocupação com seus conterrâneos fizeram com que Geddel se esquecesse de que sua pasta deveria contemplar todos os municípios brasileiros de forma equânime na distribuição de recursos. Dos R$ 555 milhões efetivamente transferidos aos municípios do País em 2009 pela Integração Nacional, 45,9% foram entregues diretamente às prefeituras da Bahia, em especial as comandadas pelo PMDB, o partido do ministro. Só Salvador, cidade onde Geddel nasceu e fez sua carreira política, ganhou R$ 113 milhões, quase 15 vezes mais  dinheiro  que todos os municípios do Estado de São Paulo receberam juntos do ministério em 2009. Geddel é pré-candidato ao governo da Bahia, mas não atribuiu aos seus planos políticos a distribuição desigual. Para ele, a Bahia ganhou mais dinheiro porque os deputados baianos foram mais ativos na apresentação de emendas que seus colegas de outros Estados. “Eles sabem que aqui tem um ministro baiano”, disse. Coincidências à parte, o fato é que Geddel passou 2009 bastante preocupado com as eleições deste ano. Além da atenção especial aos aliados baianos, o ministro também tratou de lembrar seus conterrâneos quem ele é e o que tem feito pelo Estado à frente da Integração Nacional.

Das menores às maiores cidades baianas Geddel tratou de promover sua imagem com outdoors, panfletos e adesivos. A Justiça Eleitoral, no entanto, não gostou dessa superexposição do ministro baiano e o condenou a pagar simbólicos R$ 5 mil por antecipação de campanha. As provas de amor pela Bahia em forma de distribuição de recursos que Geddel deu no ano passado ficam muito explícitas quando os números do ministério são analisados com um pouco mais de atenção. Os 137 municípios baianos contemplados com verbas do ministério de Geddel receberam R$ 254 milhões no ano passado. Outros 619 municípios em todo o País, no entanto, ganharam pouco mais de R$ 300 milhões. Outro dado mostra o privilégio da Bahia na hora de receber fundos do Erário: os convênios baianos garantem uma verba média por município de R$ 1,86 milhão, enquanto os municípios do restante do País recebem em  média R$ 485 mil. Quando o assunto é dinheiro para áreas de risco e prevenção de enchente, a Bahia de Geddel recebe 48% da verba nacional. Angra dos Reis (RJ), onde mais de 70 pessoas morreram na virada do ano, não recebeu um centavo sequer do Ministério da Integração Nacional no ano passado. “Isso é um escárnio e significa malversação do dinheiro público”, acusa o economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas, que fez um levantamento sobre o uso das verbas da Integração Nacional. Entre os 24 municípios baianos que receberam mais de R$ 1 milhão, 17 são do PMDB.

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Além de Salvador, a cidade de Coronel João Sá, também de administração peemedebista, ganhou R$ 70 milhões. A distribuição de recursos para os correligionários tem um objetivo claro: engrossar o número de votos de Geddel nas próximas eleições. As dez prefeituras da Bahia que mais receberam verbas da pasta somam dois milhões de eleitores. Geddel parece gostar mesmo é das prefeituras. Quanto à transferência de recursos para o Estado da Bahia, comandado pelo seu principal opositor e candidato à reeleição, o governador Jaques Vagner (PT), o ministro não demonstra o mesmo apreço. A Bahia ficou com apenas 1,6% dos recursos destinados aos Estados. 

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