EM GRUPO Bia, apelido da jovem, é acusada de participar de quadrilha. Está condenada a três anos de cadeia

Uma garota normal de classe média, que gosta de tomar um chopinho com amigos e costuma freqüentar festas. Assim é a carioca Fabiana Buriche dos Santos, 25 anos, que, vaidosa, cuida bem de seus longos cabelos e acaba de se submeter a uma lipoaspiração no abdome. Mas essa mesma jovem é absolutamente incomum: ela é acusada de fazer parte de uma quadrilha de roubo de cargas e estava foragida havia cinco anos. Estava. A bela morena, já apelidada de “musa do crime”, foi presa em um escritório na segunda-feira 5 por agentes da Polícia Interestadual, a Polinter, no Rio de Janeiro. O fato de bater ponto como uma simples funcionária da administração da Central de Abastecimento (Ceasa) do Rio pode indicar que Fabiana levava uma vida correta e idônea. A polícia agora apura se o trabalho não era fachada para que ela passasse dados da Ceasa para quadrilhas especializadas em roubo de cargas no Estado.

MUDANÇA Até ser capturada, a jovem aparecia animada em fotos na internet. Na Polinter, optou pela discrição

Bia, como é conhecida, foi condenada a três anos de cadeia em regime semi-aberto, em 2002, quando teve prisão decretada na 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Apesar disso, seu advogado, Marcelo Patrício, disse que ela não sabia que era procurada pela polícia. Segundo ele, Bia foi condenada à revelia por assalto. “Infelizmente, ela não contestou o processo e não compareceu ao interrogatório. Não sei por qual motivo, mas por isso acabou sendo condenada”, disse o advogado a um site de notícias.

De fato, a jovem não se comportava como se temesse ser localizada. Tinha página com nome e fotos no site de relacionamentos Orkut. Nas imagens, aparece mostrando a língua tingida de azul e fazendo poses em festas do tipo rave. Seria uma página normal se não mostrasse em seu álbum virtual uma foto de um amigo, identificado como Vitão, portando uma arma.

Agentes policiais também investigam suposta ligação da musa com traficantes de favelas dominadas pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Para Patrício, todas as especulações são equivocadas e têm origem na confissão, em juízo, de Alexandro da Cruz Fragoso e Eduardo Rodrigues Lopes, que foram presos, em 2002, por assaltarem a empresa de metalurgia na qual Bia trabalhava. Os dois bandidos afirmaram, na ocasião, que ela era a informante do grupo. A jovem, que está presa na carceragem feminina da Polinter, em Mesquita, subúrbio do Rio, não reagiu à prisão e pediu apenas para ser tratada com cuidado, pois estava convalescendo de uma “lipo na barriga”. Talvez ela não conclua sua recuperação física na cadeia: seu advogado está recorrendo da sentença e acredita que a cliente volte ao regime semi-aberto em duas semanas. Ou, acredita ele, em liberdade condicional.

Uma das versões sobre as causas de sua prisão teria relação com o fato de seu marido ser pré-candidato a vereador em São João de Meriti. Bia teria dito a policiais que estava sendo vítima de um plano contra o marido, cujo nome não foi revelado. Desde que foi detida na Polinter, Bia não deu entrevista e adotou comportamento mais reservado, ao contrário do tempo em que era foragida.