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CONTA PESADA A empresária Caroline Sarno gastou R$ 1.400, mesmo com os descontos dados pelo colégio

A empresária Caroline Caldeira Sarno, 37 anos, já temia desembolsar muito dinheiro na volta às aulas de seus filhos, Natalia, 13 anos, e Raphael, 9. Em 2008, ela pesquisou quanto custaria o material escolar dos dois. Nas livrarias, gastaria cerca de R$ 2.500. Comprando diretamente no Colégio Santa Maria, em São Paulo, onde eles estudam, R$ 1.900. Depois de conferir se o desconto continuava valendo a pena este ano, adquiriu os livros didáticos na escola por R$ 1.400. "Mas os preços ainda são muito altos, não é todo pai que tem condições de desembolsar R$ 1 mil ou R$ 2 mil de uma vez", afirma Caroline. "Existe um cartel nos preços de livros nas livrarias, você não acha mais barato."

Embora algumas lojas forneçam pequenos descontos, o valor dos livros didáticos é definido pelas editoras, e pode passar de R$ 100. Pesa no bolso da classe média, sobretudo de quem tem dois filhos ou três. Afinal, sem contabilizar o restante do material escolar, a conta em geral supera o valor da mensalidade escolar. Mas o que justifica somas tão altas, em obras que, muitas vezes, são usadas apenas por um ano? "O investimento para criar uma coleção didática é bastante pesado e pode chegar a R$ 100 mil por título", explica Marcelo Martins, diretor de marketing das editoras Ática e Scipione.

De dez anos para cá, aumentou também o número de títulos disponíveis no mercado, com tiragens menores, o que encarece o custo. Só para se ter uma ideia, a compra total de livros para a rede particular em 2008 foi de 25 milhões de unidades, de acordo com a Associação Brasileira de Editores de Livros, em comparação com os 108 milhões de livros adquiridos pelo governo federal. O MEC gastou R$ 720 milhões nessa compra, o que dá uma média de R$ 6,60 por exemplar, valor muito inferior à média cobrada nas escolas particulares. "Precisamos ter um catálogo extenso, para atender a todos. Algumas escolas procuram os mais baratos", diz Martins. Ele acredita também que os sistemas de ensino, que utilizam apostilas, abocanharam uma parte do mercado.

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A reforma ortográfica é outra novidade que pesa no bolso neste início de ano. O consultor Zander Catta Preta costuma comprar o material escolar da filha Catarina, de 11 anos, com antecedência. Com as mudanças, as compras, de mais de R$ 1 mil, ficaram concentradas. "Sempre é uma pancada, mas agora foi de uma vez só", diz. Nessa hora, é importante contar com o bom senso das escolas, para que façam a adaptação gradualmente e incentivem a troca de livros entre as séries. "Para permitir esse intercâmbio, existe uma tendência de aproveitar a mesma coleção, enquanto ela atender aos critérios da área", diz Marta Tereza Duarte Siqueira, orientadora pedagógica do Colégio Pio XII, em São Paulo.