Pai de um bebê, o cantor-símbolo do Carnaval luta contra um câncer e garante que defenderá sua Beija-Flor na avenida


Seu sorriso e seu bordão são símbolos do Carnaval carioca. Por isso, a possibilidade de Neguinho da Beija-Flor não poder ao menos saudar o público na entrada da escola, na Marquês de Sapucaí, com seu "Olha a Beija-Flor aí, gente", abalou as estruturas do samba. Lutando contra um câncer no intestino, o cantor de 59 anos, 34 deles como intérprete da agremiação, garante que não só entoará o grito de guerra da azul e branco de Nilópolis como tentará cantar durante todo o desfile. "São 80 minutos. Vou até onde der", diz.

Depois de se submeter a uma cirurgia para a retirada de dois tumores malignos, em que perdeu 40 centímetros do intestino, Neguinho enfrenta agora a quimioterapia.

Guerreiro do samba Mesmo fazendo quimioterapia, o puxador não para: irá cantar num cruzeiro com Roberto Carlos

"Fico muito enjoado e fraco", conta. Mas tira forças dos amigos e da família, especialmente da filha Luiza Flor, de quatro meses. Com medo de não ver a menina crescer, o cantor enfrentou a tristeza que o derrubou ao receber a notícia. Levantou e não parou mais. No dia 9 de fevereiro, cantará com Roberto Carlos em um cruzeiro. "Será só uma canjinha. Depois irei para a minha suíte. É mordomia", brinca Neguinho, sempre sorridente. Em entrevista à ISTOÉ, só fechou a cara quando perguntado sobre o patrono da Beija-Flor, o bicheiro Aniz Abraão David, conhecido como Anísio. Defendeu o jogo do bicho e confirmou o poder dos contraventores no Carnaval do Rio de Janeiro: "Antes do pessoal da contravenção, o Carnaval era uma bagunça."

ISTOÉ – Sua presença no Sambódromo está garantida?
Neguinho da Beija-Flor – Vou para a avenida de qualquer jeito. Minha imunidade baixou e por isso não poderei ficar um mês sem fazer quimioterapia, como eu pretendia.

Queria estar mais forte e disposto para puxar o samba durante o desfile todo. A intenção é cantar os 80 minutos, mas vou até onde der. Não dá para não ir ao Sambódromo. São 34 anos de passarela do samba. As pessoas esperam me ver, me perguntam se vou participar o tempo todo. A polêmica é grande, porque há quem ache que eu não devo ir.

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ISTOÉ – Será o Carnaval mais emocionante dos 34 que você já teve?
Neguinho – É provável. Há uma expectativa muito grande por parte do povo. Posso até não ser o melhor cantor da avenida, mas sou o mais fiel a uma só escola e o que mais tempo tem de Sapucaí.
ISTOÉ – E para você?
Neguinho – Também. Depois de descobrir que estava doente eu passava pela Sapucaí e pensava: "Será que eu não vou mais cantar aqui?"

ISTOÉ – Quando descobriu a doença?
Neguinho – Foi no início de junho do ano passado. Fui ao banheiro e notei que havia sangue nas minhas fezes. Comentei com a minha mulher que eu poderia estar com hemorroidas. Nunca imaginei o pior, pensei que deveria ser uma coisinha de nada. Mas na segunda vez que vi sangue a chamei para ver. Pelo semblante da Elaine, senti que a coisa não era boa, porque ela já viveu essa experiência, já viu uma pessoa próxima com câncer de intestino. Na tarde daquele mesmo dia estávamos no médico. Ele fez um exame de toque e já marcou uma colonoscopia. Umas duas semanas depois da primeira consulta, veio o diagnóstico. Câncer.

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"Depois de descobrir que estava doente
eu passava pela Sapucaí e pensava:
‘Será que não vou mais cantar aqui?"

ISTOÉ – Como foi ouvir isso do médico?
Neguinho – Foi um baque muito grande. Não bebo, não fumo, não uso drogas, nunca tive nada e tenho um câncer? Ainda fazia tratamento ortomolecular justamente para dar um gás na saúde. Ou seja, me cuidava muito.

Nunca tinha sentido nada. O perigo do câncer é esse. Quando sente alguma coisa, é porque você já está com a doença há algum tempo. No meu caso, estava havia cerca de dois anos. Eram dois tumores, um maior, de uns cinco centímetros, quase um limãozinho, e outro menor, do tamanho de um grão de milho. Com metástase.

ISTOÉ – Teve medo de morrer?
Neguinho – Tive sim. Pensava: "Será que não vou ver minha filha nascer?" Nascer eu já vi, agora crescer tenho certeza que vou ver. Hoje estou animado. Mas quando descobri passou um filme da minha vida na cabeça. Até porque, em relação ao câncer, só se tem conhecimento das pessoas que morreram. Só sabemos quem teve e superou quando essas pessoas descobrem que você está doente e ligam para dar força. Conversar e ver gente que sobreviveu é muito importante.

Na radioterapia, por exemplo, havia um capitão da Aeronáutica jovem, com seus 30 e poucos anos. Quando um dia ele chegou de ambulância, eu pensei: "Esse cara está morto." Era pele e osso. Outro dia, seis meses depois, estou eu andando no shopping e olho para um cara, sentindo que o conhecia de algum lugar. Ele veio falar comigo e perguntou se eu me lembrava dele. O homem era outro.

Pensei: "Se ele, que tinha um câncer na cabeça e estava naquele estado se salvou, eu também vou me salvar."
ISTOÉ – Qual foi o pior momento até agora?
Neguinho – O momento em que eu descobri. Você chora três dias. Absorve o impacto da notícia. Fiquei três dias mal, mas aí levantei e passei a investir toda a minha energia no tratamento, com o apoio da minha família e dos meus amigos.

ISTOÉ – O apoio da família e dos amigos é o que mais te dá forças a você?
Neguinho – Estou encarando esse câncer como um mal que veio para o bem. Vejo como as pessoas gostam de mim, como elas se preocupam comigo. Mas você também se aproxima mais de Deus. Antes eu só pensava em show, grana, sucesso. Essa minha profissão é muito competitiva, a gente se preocupa em não sair da mídia, em vender disco, em fazer shows para dez mil pessoas. O lado religioso é um pouco esquecido. Eu não sabia nem rezar. Hoje rezo, leio a Bíblia, frequento o Lar Frei Luiz (centro espírita no Rio) e o Dr. Fritz (entidade incorporada por um médium).

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"O último pedido do Jamelão foi
que eu não aceitasse mais ser
chamado de puxador.
Dali em diante, virei intérprete"

Uma simples coisa que eu fazia com a maior naturalidade, como levantar da cama, se torna muito difícil.
Quero levantar e alguém precisa me ajudar. A gente volta a ser criança, a depender dos outros.
Quer fazer e não pode. Passei a valorizar mais a vida.

ISTOÉ – E a quimioterapia?
Neguinho – Talvez para me animar, o médico que me operou disse na ocasião que eu provavelmente não precisaria de quimioterapia. Se precisasse, seria só um mês. Desse um mês, já são três, que serão seis. A quimioterapia é para evitar a volta do câncer. Então é preciso passar por isso. Durante a sessão eu não sinto nada. Só uns cinco dias depois começa um enjoo forte. É difícil.

ISTOÉ – Você é vaidoso?
Neguinho – Muito. Eu sou um feio bonito! Cuido dos dentes, cuido da pele… Estou com 59 anos, acho legal me cuidar. Ter uma pele boa, uma saúde legal. Sempre me cuidei.

ISTOÉ – Como foi lidar com a queda de cabelo?
Neguinho – Nunca fui careca! Mas tive que raspar, fazer o quê? Dava uma vergonha de sair na rua, mas as pessoas me dão apoio. Falam:

"Ficou bonito!" Mas estão me enganando, eu sei que estão. Também gosto de ser enganado de vez em quando…

ISTOÉ – É verdade que a Beija-Flor não o apoiou quando você descobriu a doença?
Neguinho – Eles me apoiam muito. No dia em que minha filha nasceu, uma repórter de um jornal do Rio de Janeiro foi à maternidade e me perguntou, entre outras coisas, se a escola estava me ajudando com as despesas do tratamento. Eu disse que não ajudou porque não houve necessidade. Eles me oferecem, mas eu sempre digo não. Faço os meus shows, tenho a minha reserva. Se eu tenho, por que vou pedir? Só que o jornal publicou que a escola não estava me ajudando. A minha sorte é que a diretoria não acreditou, porque sempre fui fiel.

ISTOÉ – Como você separa o Anísio patrono da Beija-Flor do Anísio contraventor e indiciado pela Polícia Federal na Operação Furacão?
Neguinho – Acho uma hipocrisia a proibição do jogo no Brasil. Jogo do bicho sempre teve. Deixaram os caras organizarem a maior festa do planeta que é o desfile das escolas de samba. Antes do pessoal da contravenção era uma bagunça, acabava duas da tarde, tinha escola que desfilava por quatro horas. Aí eles foram e organizaram. Por que não prenderam o Barão de Drummond quando ele criou o jogo do bicho?
ISTOÉ – Você joga no bicho?
Neguinho – Eu não jogo, mas sou super a favor, assim como da abertura dos cassinos. Existe coisa muito pior do que o cassino aqui, que são os armamentos que entram, são pessoas que fazem coisas piores que os bicheiros. Sujeito que entra na política duro e em dois mandatos está milionário. E os jogos que temos por aí? E a megassena? Qual a chance de ganhar? É uma em um bilhão! Aí pode. Corrida de cavalo? Aí pode. Por que não legaliza o bicho?

ISTOÉ – O que você acha dessa mania de adversários atribuírem os títulos da Beija-Flor a supostas mutretas?
Neguinho – Eu estava cantando no primeiro campeonato conquistado pela Beija-Flor. Fui campeão com um samba de minha autoria, Sonhar com rei dá leão. A escola ganhou em 1976, 1977 e 1978, tricampeã. Fomos campeões em 1980, em 1983, com outro samba meu, e aí só voltamos a ganhar 17 anos depois. A diretoria era a mesma. Se houvesse mutreta não ficaríamos 17 anos sem ganhar!

ISTOÉ – Você prefere ser chamado de cantor ou intérprete?
Neguinho – Nunca liguei para isso. Intérprete eu sou do meu disco, puxador eu sou da escola de samba. Mas me disseram que o último pedido do Jamelão foi que eu não aceitasse mais ser chamado de puxador. Dali em diante, virei intérprete.

ISTOÉ – De onde vem o apelido Neguinho da Beija-Flor?
Neguinho – Sou o mais negro da minha família. E teve uma senhora, já falecida, que me botou o apelido de Neguinho da Vala, porque eu vivia na vala pescando rã. Já o Beija-Flor foi incorporado em 1975. O meu nome hoje é Luis Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes. Na minha identidade e no passaporte já aparece Neguinho da Beija-Flor.

ISTOÉ – Sua presença no Sambódromo está garantida?
Neguinho


Vou para a avenida de qualquer jeito. Minha imunidade baixou e por isso não poderei ficar um mês sem fazer quimioterapia, como eu pretendia. Queria estar mais forte e disposto para puxar o samba durante o desfile todo. A intenção é cantar os 80 minutos, mas vou até onde der. Não dá para não ir ao Sambódromo. São 34 anos de passarela do samba. As pessoas esperam me ver, me perguntam se vou participar o tempo todo. A polêmica é grande, porque há quem ache que eu não devo ir.

ISTOÉ – Será o Carnaval mais emocionante dos 34 que você já teve?
Neguinho

É provável. Há uma expectativa muito grande por parte do povo. Posso até não ser o melhor cantor da avenida, mas sou o mais fiel a uma só escola e o que mais tempo tem de Sapucaí.

ISTOÉ – E para você?
Neguinho

Também. Depois de descobrir que estava doente eu passava pela Sapucaí e pensava: "Será que eu não vou mais cantar aqui?"

ISTOÉ – Quando descobriu a doença?
Neguinho

Foi no início de junho do ano passado. Fui ao banheiro e notei que havia sangue nas minhas fezes. Comentei com a minha mulher que eu poderia estar com hemorroidas. Nunca imaginei o pior, pensei que deveria ser uma coisinha de nada. Mas na segunda vez que vi sangue a chamei para ver. Pelo semblante da Elaine, senti que a coisa não era boa, porque ela já viveu essa experiência, já viu uma pessoa próxima com câncer de intestino. Na tarde daquele mesmo dia estávamos no médico. Ele fez um exame de toque e já marcou uma colonoscopia. Umas duas semanas depois da primeira consulta, veio o diagnóstico. Câncer.

ISTOÉ – Como foi ouvir isso do médico?
Neguinho

Foi um baque muito grande. Não bebo, não fumo, não uso drogas, nunca tive nada e tenho um câncer? Ainda fazia tratamento ortomolecular justamente para dar um gás na saúde. Ou seja, me cuidava muito.

Nunca tinha sentido nada. O perigo do câncer é esse. Quando sente alguma coisa, é porque você já está com a doença há algum tempo. No meu caso, estava havia cerca de dois anos. Eram dois tumores, um maior, de uns cinco centímetros, quase um limãozinho, e outro menor, do tamanho de um grão de milho. Com metástase.

ISTOÉ – Teve medo de morrer?
Neguinho

Tive sim. Pensava: "Será que não vou ver minha filha nascer?" Nascer eu já vi, agora crescer tenho certeza que vou ver. Hoje estou animado. Mas quando descobri passou um filme da minha vida na cabeça. Até porque, em relação ao câncer, só se tem conhecimento das pessoas que morreram. Só sabemos quem teve e superou quando essas pessoas descobrem que você está doente e ligam para dar força. Conversar e ver gente que sobreviveu é muito importante.

Na radioterapia, por exemplo, havia um capitão da Aeronáutica jovem, com seus 30 e poucos anos. Quando um dia ele chegou de ambulância, eu pensei: "Esse cara está morto." Era pele e osso. Outro dia, seis meses depois, estou eu andando no shopping e olho para um cara, sentindo que o conhecia de algum lugar. Ele veio falar comigo e perguntou se eu me lembrava dele. O homem era outro.

Pensei: "Se ele, que tinha um câncer na cabeça e estava naquele estado se salvou, eu também vou me salvar."

ISTOÉ – Qual foi o pior momento até agora?
Neguinho

O momento em que eu descobri. Você chora três dias. Absorve o impacto da notícia. Fiquei três dias mal, mas aí levantei e passei a investir toda a minha energia no tratamento, com o apoio da minha família e dos meus amigos.

ISTOÉ – O apoio da família e dos amigos é o que mais te dá forças a você?
Neguinho

Estou encarando esse câncer como um mal que veio para o bem. Vejo como as pessoas gostam de mim, como elas se preocupam comigo. Mas você também se aproxima mais de Deus. Antes eu só pensava em show, grana, sucesso. Essa minha profissão é muito competitiva, a gente se preocupa em não sair da mídia, em vender disco, em fazer shows para dez mil pessoas. O lado religioso é um pouco esquecido. Eu não sabia nem rezar. Hoje rezo, leio a Bíblia, frequento o Lar Frei Luiz (centro espírita no Rio) e o Dr. Fritz (entidade incorporada por um médium).

Uma simples coisa que eu fazia com a maior naturalidade, como levantar da cama, se torna muito difícil.

Quero levantar e alguém precisa me ajudar. A gente volta a ser criança, a depender dos outros.

Quer fazer e não pode. Passei a valorizar mais a vida.

ISTOÉ – E a quimioterapia?
Neguinho

Talvez para me animar, o médico que me operou disse na ocasião que eu provavelmente não precisaria de quimioterapia. Se precisasse, seria só um mês. Desse um mês, já são três, que serão seis. A quimioterapia é para evitar a volta do câncer. Então é preciso passar por isso. Durante a sessão eu não sinto nada. Só uns cinco dias depois começa um enjoo forte. É difícil.

ISTOÉ – Você é vaidoso?
Neguinho

Muito. Eu sou um feio bonito! Cuido dos dentes, cuido da pele… Estou com 59 anos, acho legal me cuidar. Ter uma pele boa, uma saúde legal. Sempre me cuidei.

ISTOÉ – Como foi lidar com a queda de cabelo?
Neguinho

Nunca fui careca! Mas tive que raspar, fazer o quê? Dava uma vergonha de sair na rua, mas as pessoas me dão apoio. Falam:

"Ficou bonito!" Mas estão me enganando, eu sei que estão. Também gosto de ser enganado de vez em quando…

ISTOÉ – É verdade que a Beija-Flor não o apoiou quando você descobriu a doença?
Neguinho

Eles me apoiam muito. No dia em que minha filha nasceu, uma repórter de um jornal do Rio de Janeiro foi à maternidade e me perguntou, entre outras coisas, se a escola estava me ajudando com as despesas do tratamento. Eu disse que não ajudou porque não houve necessidade. Eles me oferecem, mas eu sempre digo não. Faço os meus shows, tenho a minha reserva. Se eu tenho, por que vou pedir? Só que o jornal publicou que a escola não estava me ajudando. A minha sorte é que a diretoria não acreditou, porque sempre fui fiel.

ISTOÉ – Como você separa o Anísio patrono da Beija-Flor do Anísio contraventor e indiciado pela Polícia Federal na Operação Furacão?
Neguinho

Acho uma hipocrisia a proibição do jogo no Brasil. Jogo do bicho sempre teve. Deixaram os caras organizarem a maior festa do planeta que é o desfile das escolas de samba. Antes do pessoal da contravenção era uma bagunça, acabava duas da tarde, tinha escola que desfilava por quatro horas. Aí eles foram e organizaram. Por que não prenderam o Barão de Drummond quando ele criou o jogo do bicho?

ISTOÉ – Você joga no bicho?
Neguinho

Eu não jogo, mas sou super a favor, assim como da abertura dos cassinos. Existe coisa muito pior do que o cassino aqui, que são os armamentos que entram, são pessoas que fazem coisas piores que os bicheiros. Sujeito que entra na política duro e em dois mandatos está milionário. E os jogos que temos por aí? E a megassena? Qual a chance de ganhar? É uma em um bilhão! Aí pode. Corrida de cavalo? Aí pode. Por que não legaliza o bicho?

ISTOÉ – O que você acha dessa mania de adversários atribuírem os títulos da Beija-Flor a supostas mutretas?
Neguinho

Eu estava cantando no primeiro campeonato conquistado pela Beija-Flor. Fui campeão com um samba de minha autoria, Sonhar com rei dá leão. A escola ganhou em 1976, 1977 e 1978, tricampeã. Fomos campeões em 1980, em 1983, com outro samba meu, e aí só voltamos a ganhar 17 anos depois. A diretoria era a mesma. Se houvesse mutreta não ficaríamos 17 anos sem ganhar!

ISTOÉ – Você prefere ser chamado de cantor ou intérprete?
Neguinho

Nunca liguei para isso. Intérprete eu sou do meu disco, puxador eu sou da escola de samba. Mas me disseram que o último pedido do Jamelão foi que eu não aceitasse mais ser chamado de puxador. Dali em diante, virei intérprete.

ISTOÉ – De onde vem o apelido Neguinho da Beija-Flor?
Neguinho

Sou o mais negro da minha família. E teve uma senhora, já falecida, que me botou o apelido de Neguinho da Vala, porque eu vivia na vala pescando rã. Já o Beija-Flor foi incorporado em 1975. O meu nome hoje é Luis Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes. Na minha identidade e no passaporte já aparece Neguinho da Beija-Flor.


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