GEORGE MAGARAIA

SILÊNCIO
Assunção diz apenas que prestou um depoimento sobre o qual nada pode falar

Se faltava um caso real no debate sobre a relação da chamada classe média com o tráfico de drogas, tratada nos filmes Tropa de elite e Meu nome não é Johnny, não falta mais. E esse caso real veio com a maior visibilidade que o tema poderia ter. No final da manhã da quinta-feira 24, o ator Fábio Assunção Pinto, 36 anos, que já protagonizou 13 novelas, trabalhou em quatro minisséries, seis seriados e estrelou 11 filmes, foi detido pela Polícia Federal no hall de entrada de um flat em São Paulo. O motivo da detenção: cocaína. Assunção não é Johnny, o personagem do filme que de usuário passa a traficar drogas e gasta todo o dinheiro para manter o vício. Até o momento, o que a Polícia Federal tem certeza é que Assunção é um dependente químico. Ele foi detido e prestou um depoimento de aproximadamente duas horas na condição de testemunha. O ator só não foi intimado, como costuma acontecer com as testemunhas, porque ele acompanhava um homem, cujo nome não foi revelado, acusado pela PF de ser traficante de cocaína no momento em que foi feito o flagrante. Segundo policiais que trabalharam no caso, o traficante, que já vinha sendo investigado há cerca de três semanas, teria ido ao flat ocupado pelo ator para entregar-lhe a droga. No momento da prisão, ainda segundo esses policiais, o traficante estaria portando 250 gramas de cocaína e a encomenda feita por Assunção seria o equivalente a 10% do carregamento apreendido.

Na manhã da quinta-feira 24, o ator desembarcou no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ele veio de Orlando, nos Estados Unidos, onde passou as férias acompanhado do filho João, cinco anos. Deixou o garoto com os avós maternos e foi para o flat, onde horas depois se encontraria com o traficante. No depoimento à PF, Assunção admitiu ser usuário de cocaína e confirmou que parte da droga apreendida seria para seu consumo. Depois de deixar a sede da Polícia Federal na capital paulista, Assunção voltou a se encontrar com o filho e por volta das 19 horas o levou para a mãe, a produtora de moda Priscila Borgonovi, com quem se casou em 2002 em uma cerimônia espírita e de quem se separou em 2004. Na manhã da sexta-feira 25, o ator embarcou para o Rio de Janeiro, onde estava agendada uma prova de figurino e caracterização de seu próximo personagem na novela Juízo final (título ainda provisório). Na nova trama, Assunção protagonizará o papel de um vilão moderno.

O enredo de Assunção com a cocaína não é de hoje. No ano passado, por exemplo, ele se afastou das gravações de Paraíso tropical, novela em que interpretava o personagem Daniel, um dos principais da trama. Na época, corria a informação, nunca confirmada oficialmente, de que ele estaria internado para um tratamento contra as drogas em uma clínica no Rio de Janeiro. “Agradeço pela preocupação, mas apenas dei um depoimento em um caso que corre sob segredo de Justiça, sobre o qual não posso falar e não me diz respeito diretamente”, disse Assunção na sexta-feira 25, nos estúdios onde será gravada a nova novela. Para chegar ao flagrante, que faz parte da Operação Naufrágio, a Polícia Federal rastreava os telefonemas da quadrilha. Foi através dessas interceptações telefônicas que a polícia chegou ao flat onde estava o galã com o traficante.

O COLAPSO DE AMY WINEHOUSE

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SANG TAN/IMAGE PLUS

YOUTUBE
Em vídeo ela ingere drogas

Jovem e talentosa, a cantora britânica Amy Winehouse, 24 anos, estourou nas paradas com o hit “Rehab”, que virou febre e lhe abriu caminho para seis indicações ao Grammy deste ano. Viciada em drogas, Amy afirma na letra da canção que ‘não vai se internar numa clínica de reabilitação’. Mas a promessa não se cumpriu. Na quinta-feira 24, ela seguiu para uma clínica para tratar a dependência química, que atingiu o ápice na semana anterior. A cantora promoveu uma festa na sua casa e, às 5h, apareceu esquálida em um vídeo caseiro fumando crack, depois de tomar seis comprimidos de Valium e misturar cocaína com ecstasy. As imagens foram exibidas pelo tablóide inglês The Sun e o vídeo já está no YouTube, provocando polêmica. Pela primeira vez, um artista consagrado do meio musical aparece em vídeo usando drogas.

Durante 2007, Amy colecionou escândalos por envolvimento com álcool e drogas, entre prisões, colapsos nervosos em shows, autoflagelação e cancelamento de turnês. Em agosto passado, os sogros da artista chegaram a pedir aos fãs que boicotassem seus discos até que ela procurasse tratamento médico e a sua mãe enviou uma carta desesperada à imprensa pedindo ajuda. A família resolveu agir depois que ela passou três dias consumindo vodca, uísque, ecstasy, remédios para cavalos e cocaína. “Sou suicida e sei que irei morrer jovem”, disse ela ao The Sun.

CELEBRIDADES E DROGAS
Fato corriqueiro entre as celebridades americanas e européias, ser preso por porte de substâncias ilícitas é raro entre os famosos brasileiros. Conheça cinco dos mais célebres casos:

TONY BELLOTTO E ARNALDO ANTUNES
Detidos com pequena quantidade de heroína, os então companheiros de Titãs foram acusados de tráfico (Antunes) e porte (Bellotto e Antunes) de drogas. Antunes passou 26 dias preso, antes de ser liberado para cumprir a pena domiciliar de três anos

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LOBÃO
Foi pego em maio de 1987 portando um papelote de cocaína no então Aeroporto do Galeão (atual Tom Jobim). Após passagem de um mês pela cadeia, cumpriu outros nove meses de pena em liberdade

MARCELLO ANTONY
Nos intervalos de gravação de um filme em Porto Alegre, o galã global foi pego em flagrante, momentos depois de concluir a negociação da compra de 100 gramas de maconha. Após ficar preso por 12 horas, foi solto e pôde responder ao processo em liberdade


GILBERTO GIL
Em julho de 1976, durante uma excursão dos Doces Bárbaros a Florianópolis, o atual ministro da Cultura foi flagrado com uma pequena quantidade de maconha. Recolhido ao cárcere, assumiu ser usuário e ganhou a liberdade em troca de internar-se num sanatório para tratamento

NELSON GONÇALVES
Acusado de porte e tráfico de cocaína, foi detido em seu próprio apartamento, diante dos filhos, em maio de 1966. O cantor admitiu ser viciado, acabou absolvido da acusação de tráfico e ficou apenas dois meses na cadeia


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