Casamento que sobrevive a reforma de
casa tem bom alicerce. É o que dizem. Afinal,
não é fácil suportar o quebra-quebra e fazer, ao mesmo tempo, malabarismos financeiros.
Quem não quer passar por turbulências, pode buscar soluções práticas, bonitas e baratas na primeira edição paulista da mostra Morar mais por menos, o chique que cabe no bolso, que vai até 22 de maio, numa mansão do bairro do Morumbi em São Paulo.

São 48 ambientes criados por 56 arquitetos, decoradores, designers e paisagistas. Produtos modernos, como o gesso cartonado, o revestimento em fibras de vidro ou placas de PVC, viram curingas na transformação de batentes em arcos e no revestimento de banheiros. No quarto para a menina-moça, as arquitetas Estela Pinheiro e Marciah Lara Campos ousaram usar branco no chão. A solução veio com a grama sintética de fácil limpeza e custo de R$ 52 o metro quadrado. Prateleiras de gesso cartonado dão um ar moderno. “Esse material pode ser moldado à vontade, rapidamente e custa 50% a menos que a madeira”, diz Marciah. No banheiro, em estilo europeu, lambris de PVC revestem as paredes. “Usado para forrar tetos em postos de gasolina, o lambri é baratíssimo – custa cerca de R$ 2 cada. É perfeito. Permite trocar o revestimento sem quebrar nada”, completa Estela.

Ousadia – Outra opção para mudar a cara do banheiro foi criada por Elaine Camacho no loft para solteiros, que saiu ao todo por R$ 50 mil. Ela cobriu o azulejo com revestimento em fibra de vidro, que é resistente a água, anti-mofo, não propaga fogo e custa R$ 20 o metro quadrado. Em vários padrões, é colocado como papel de parede. “Pode ser pintado até dez vezes sem perder a textura”, diz a arquiteta. Elaine também ousou. Usou retalhos de vidro laminado na escada. “Fixado com silicone estrutural, o vidro deve ter película de segurança e 20 milímetros de espessura. Aqui usamos 12 milímetros, mas colocamos um contrapiso de madeira. Também pode ser fixado em base de alvenaria”, explica ela. A escada, com 13 degraus, saiu por R$ 1,3 mil. Também interessante é a proposta de cobrir a parede com o tecido usado em teto de carros, como fez a arquiteta na cabeceira da cama. Segundo ela, um tecido com a mesma textura acamurçada sai por R$ 100 e esse custa R$ 30 o metro quadrado, fora a colocação.

Materiais despretensiosos, como o cimento e a juta, também compõem ambientes requintados. É o que se vê na cozinha preparada pelas designers Manoela Schulze, Ariadne Santini e Paula Brenha. Armários de alvenaria e prateleiras de aramados deixam utensílios à mostra. Mesmo debaixo da pia e do tampo de granito não há portas. “O sifão é cromado, bonito, para aparecer mesmo”, conta Ariadne. Na parede e no piso, tinta lavável e cimento queimado. “Com tinta acrílica pode-se mudar o ambiente quando quiser. Uma demão e pronto, sem quebradeira.” Nos 33 metros quadrados de área foram gastos R$ 8 mil em material e mão-de-obra.

O glamour dos anos 50 inspirou os arquitetos Leonardo Gandolpho e César de Souza na decoração do lavabo de oito metros quadrados. A popular juta na parede cria um efeito, ao mesmo tempo, sóbrio e despojado. “Um papel com textura parecida importado custa entre R$ 60 e R$ 100 o metro quadrado. A juta sai por cerca de R$ 65, dependendo da mão-de-obra. Para um efeito mais descontraído pode-se usar sacos de café com aquelas inscrições típicas”, indica Gandolpho. Um aparador de madeira dos anos 50, de uma feira de antigüidades, serve como bancada para a pia.

A garimpagem e o reaproveitamento são indispensáveis para se decorar com bom gosto e dinheiro curto. Poltronas de época com padronagens modernas dão um toque sofisticado a qualquer espaço. Também vale repaginar os que estão em casa. “As pontas de estoque de confecções são ótimas. Se uma estampa é cara, pode-se usá-la só em banquetas ou almofadas”, orienta a decoradora Neza César, que uniu em um living peças antigas e luminária e lustre feitos com baldes e garrafas de refrigerante, da ONG Florescer, de São Paulo. “Puro designer”, garante. Ela também indica o uso de tábuas de pinho no piso. “É produto de reflorestamento. Sai por R$ 60 o metro quadrado colocado, mais barato que carpete de madeira”, defende Neza.

Serviço Mostra Morar mais por menos, o chique que cabe no bolso. Tel.: (11) 3813-8182 www.morarmaispormenos.com.br.