i66004.jpgÀ zero hora da sexta-feira 26, lojas de celulares por todo o País abriram as portas dando fôlego a um frisson que já correu o mundo e agora chegou ao Brasil. O desembarque do iPhone, o mais cobiçado dos aparelhos celulares, teve início com vários recordes e uma guerra de marketing entre as operadoras que envolveu lances inusitados, festas mirabolantes e estratégias urdidas em segredo.

A batalha pela primazia de trazer ao País o primeiro iPhone já tinha começado bem antes, meses atrás, mas nada se comparou aos rounds dos últimos dias. O preço do produto, por exemplo, foi guardado a sete chaves até o minuto final. A quantidade de aparelhos trazidos também. Valia tudo para motivar ainda mais um consumidor que já corria atrás da engenhoca produzida pelo mago da informática, Steve Jobs, via importação. Para se ter uma idéia, mais da metade dos acessos à internet pelo celular no País em agosto foi realizado por Iphone: 196 mil, num universo de 385 mil.

Mesmo assim, a largada do iPhone 3G no Brasil se deu quase 90 dias após o lançamento nos Estados Unidos e um mês depois de Argentina e Paraguai. No momento da virada, à zero hora da sexta-feira 26, 12 lojas da Vivo abriram suas portas para se antecipar à sua maior concorrente, a Claro. Era o primeiro grande duelo numa guerra de marketing como há muito não se via no mercado de telecomunicações. "É um produto ícone", diz Carlos Cipriano, diretor da Vivo. "A imagem da Claro está associada à inovação e o iPhone segue essa mesma linha", completa João Cox, presidente da Claro.

As escaramuças entre a Claro e a Vivo no marketing do iPhone começaram há três meses, quando a primeira bateu o martelo com a Apple. "Fomos os primeiros a fechar o contrato com a Apple", orgulha-se Cox, o presidente da Claro. A Vivo então correu atrás e também fechou acordo com a empresa de Steve Jobs. Cumprindo o contrato com a Apple, que proíbe qualquer anúncio prévio até as 48 horas anteriores ao lançamento, ambas montaram sigilosamente campanhas de tirar o fôlego. Na quinta-feira 25, o iPhone da Claro soou primeiro. A empresa divulgou seus preços e anunciou uma festa na Daslu, em São Paulo. A Vivo saiu atrás, mas apostou mais alto. Divulgou que já comprou 200 mil aparelhos – bem mais do que os 30 mil anunciados pela concorrente -, e organizou festas tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Durante toda a quinta-feira 25, uma verdadeira guerra de números foi travada. A estréia do iPhone nas prateleiras de cada uma das empresas teve festas simultâneas naquela noite, divulgadas apenas no dia anterior. "Só não anunciamos antes porque cumprimos o contrato com a Apple, que reza que a comunicação só pode ser feita dois dias antes do lançamento. Já tínhamos previsto fazer uma festa, chamar a imprensa e convidados. Eles (Vivo) é que tiveram de correr atrás", disse Cox, garantindo que sua festa foi definida primeiro. Cipriano, diretor da Vivo, negou que tenha decidido festejar no último minuto. "Estamos organizando esse lançamento há semanas, nada foi feito de última hora, só não falamos antes porque o contrato não nos permitia", diz ele. No hall de convidados das operadoras, empresários, vips e celebridades deram o tom do público-alvo do produto. A Vivo escolheu celebrar o iPhone em vários Estados. Em São Paulo, o próprio presidente Roberto Lima fez questão de fazer a primeira venda na loja do luxuoso shopping Cidade Jardim.

i66006.jpg

As duas operadoras têm estratégias de vendas bastante distintas. Visando à liderança de mercado, hoje da Vivo, a Claro não vai priorizar quem já é cliente da operadora em detrimento de quem ainda não é, uma proposta mais simpática ao público que ainda não migrou para a operadora. "Já temos mais de 100 mil pessoas cadastradas no site, entre clientes e não-clientes. Vamos priorizar essa fila, mas também vamos colocá- lo à venda em 25 lojas espalhadas pelo Brasil", conta Erik Fernandes, diretor de marketing da Claro, ressaltando que o iPhone estará à venda apenas onde já existe a cobertura da rede 3G. Quem não se cadastrou com bastante antecedência vai ter que esperar mais algum tempo, já que a Claro receberá os iPhones em lotes de 30 mil a cada mês. "Esperamos que esse lote dure um dia, mas já fizemos encomenda para o ano todo", diz o presidente da Claro. A Vivo adotou outra visão e deu preferência à sua base de clientes que gastam mais com serviços, como transmissão de dados, e-mails e torpedos. "Vamos priorizar a fila dos clientes Vivo cadastrados pelo nosso site e aqueles que têm o perfil do iPhone", diz Cipriano, o executivo da Vivo, explicando que, para evitar filas, o cliente pode escolher como e onde quer receber o produto. "Ele pode marcar o dia e a hora para adquirir o seu iPhone", completa.

Na opinião de Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria em telecomunicações, o iPhone passa a ser a menina-dos-olhos das operadoras. "Claro e Vivo já são líderes de mercado e com o iPhone a tendência é que se consolidem nessa posição", diz Tude. Detalhe: só no primeiro final de semana de venda do novo modelo do iPhone, a Apple contabilizou um milhão de unidades em 21 países. De olho no novo filão de mercado, outras operadoras como Oi e TIM ainda tentam negociar com Steve Jobs. Resta saber se a Apple também tem interesse.