i65756.jpgÉ sabido que um dos maiores problemas de saúde nos Estados Unidos é a obesidade. Por lá, calcula-se que mais de 30% dos adultos estejam acima do peso. Agora, um polêmico plano acirrou o debate sobre quais seriam as melhores maneiras de frear a expansão da epidemia. O Estado do Alabama vai cobrar uma espécie de multa dos funcionários públicos que estiverem acima do peso. A partir de 2010, quem não fizer as pazes com a balança terá de pagar US$ 25 (cerca de R$ 45) a mais, por mês, no seguro-saúde. Iniciativa semelhante está em vigor em relação aos funcionários fumantes – eles pagam US$ 24 (cerca de R$ 43) a mais.

A nova cobrança, que ganhou o apelido de “taxa da gordura”, será feita após algumas etapas. A partir de janeiro do próximo ano, os funcionários pagarão mensalmente pelo seguro-saúde US$ 50 (cerca de R$ 90). É o dobro do que despendem hoje. Ao longo de 2009, porém, eles poderão se submeter a check-ups – pagos pelo Estado – nos quais terão medidos os níveis de colesterol, açúcar no sangue e pressão arterial. Também serão avaliados os índices de massa corporal, o IMC. Trata-se da medida usada para definir a obesidade, calculada dividindose o peso pela altura ao quadrado.

Em 2010, quem estiver com a saúde em dia terá um “desconto” de US$ 25. Ou seja, voltará a pagar o valor atual. Mas quem não fez o check-up ou estiver com as taxas acima do permitido, sem nada fazer para adequá-las, continuará pagando os US$ 50. Os limites de colesterol e pressão usados serão os mesmos adotados pelos médicos. Mas, em relação ao IMC, pode-se dizer que o Alabama deu uma colher de chá aos mais gordinhos. Em vez de considerar obeso quem tiver IMC superior a 30 – medida internacional –, vai taxar os que possuírem IMC maior do que 35.

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Muitos especialistas acreditam que a medida é discriminatória e punitiva. “Obesidade é uma doença. Faria algum sentido, por exemplo, cobrar multa de uma pessoa que tem câncer de mama?”, afirmou Judith Stern, da Universidade da Califórnia. No Brasil, o médico Walmir Coutinho também é contra. “A obesidade tem um forte componente genético. Não tem nada a ver com fraqueza de caráter ou falta de vontade”, diz o médico, vice-presidente para a América Latina da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade.