Uma forma completamente diferente de combate à diabete tipo 1 foi anunciada na semana passada. Pesquisadores das universidades de Yale e de Chicago, nos Estados Unidos, divulgaram o resultado de uma experiência que comprovou a eficácia do uso de bactérias na prevenção da doença. O trabalho foi publicado na última edição da revista científica Nature, causando entusiasmo entre especialistas do mundo todo.

Existem dois gêneros de diabete. O surgimento do tipo 2 está associado à obesidade e ao sedentarismo. Já o tipo 1 é considerado uma doença auto-imune. Ele ocorre porque o sistema de defesa do corpo passa a atacar as células produtoras de insulina, o hormônio que permite a entrada da glicose nas células. Se sua fabricação é inadequada, a concentração de açúcar no sangue se eleva a níveis perigosos, justamente o que caracteriza a diabete. As razões que levam à agressão do sistema imunológico ao próprio organismo ainda não estão totalmente esclarecidas.

Há uma teoria segundo a qual a falta de contato com germes seria uma das causas de males como a asma e a alergia

Conhecedores desse mecanismo, os pesquisadores decidiram testar a veracidade da chamada “hipótese higiênica” no desenvolvimento de doenças auto-imunes. Segundo a teoria, a falta de exposição a vírus e bactérias em países desenvolvidos pode ser uma das causas do aumento de casos de alergia, asma e outras desordens do sistema de defesa.

Durante 30 semanas, eles observaram as reações de dois grupos de ratos: um exposto a bactérias presentes no estômago e outro criado em um ambiente livre de germes. O primeiro ficou protegido da diabete tipo 1, enquanto o outro desenvolveu a enfermidade, e nas suas formas mais severas. Os cientistas querem agora entender como os microorganismos oferecem essa proteção. “É um mecanismo complexo. Mas de alguma maneira eles impedem a reação do sistema de defesa contra o corpo”, explicou à ISTOÉ Li Wen, uma das autoras do estudo. Entusiasmada, a cientista acredita que os resultados se repetirão em seres humanos. “Espero que seja aberta uma nova frente de prevenção, baseada no uso dessas ‘bactérias amigas’”, disse Li.