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Não bastassem os atrasos no cronograma de obras para a Copa do Mundo da África do Sul, de 11 de junho a 11 de julho, a Fifa está agora às voltas com um inesperado problema: o encalhe de ingressos a pouco mais de três meses de a bola rolar. Contabilizados os bilhetes vendidos ( 2 milhões) ou com promessa de compra (cerca de 300 mil), restam ainda quase 700 mil lugares nos estádios – bem mais do que em Copas anteriores. Para resolver a questão, a principal entidade internacional de futebol tomou uma decisão tão drástica quanto inédita. Está fazendo uma espécie de liquidação. Praticamente dobrou o percentual de ingressos mais baratos, destinados aos sulafricanos, que passou de 11% para 20%. “É apenas um remanejamento”, minimizou o secretário-geral Jérôme Valcke, depois de desmentir a possibilidade de baixar o preço das entradas para turistas de outros países. Apenas 8 das 64 partidas tiveram as vendas de lugares esgotadas. “A África do Sul é um destino pouco conhecido dos clientes, que normalmente preferem a Europa”, esclarece Ricardo Molter, gerente de vendas da Stella Barros, uma das sete agências de viagens brasileiras credenciadas para negociar pacotes para a Copa. Segundo o executivo, após o sorteio de grupos do Brasil, as vendas aumentaram por aqui.

Na Europa, no entanto, a procura ainda está abaixo do esperado. Muitos clientes devem pensar como o engenheiro carioca Ângelo Santana, 58 anos, que foi às últimas duas Copas e desistiu de ir à África do Sul por causa da família. “Minha mulher e minha filha não se interessaram tanto pelos programas, por isso resolvi não viajar desta vez”, disse. Outros pretendentes manifestaram sua preocupação  com a segurança no país de Nelson Mandela – uma empresa britânica chegou a anunciar a venda de colete antifacadas para os torcedores que desejassem ver os jogos da Copa. As autoridades sul-africanas protestaram. “Quem for à África do Sul deve tomar as mesmas precauções de segurança que costuma tomar em qualquer grande capital brasileira”, diz Molter. No Brasil, algumas agências admitem que as viagens de incentivo – dadas gratuitamente como prêmio pelas empresas a seus funcionários, clientes e fornecedores – representam até 80% do total vendido. Na Copa da Alemanha, em 2006, essa fatia não passou de 60%. Até agora, somente os jogos entre Brasil e Portugal, Itália e Paraguai e as partidas que a Inglaterra disputa contra os Estados Unidos e a Eslovênia estão com lotação completa. Apesar disso, Valcke, da Fifa, aparenta tranquilidade. “Não estamos desesperados e não caçaremos as pessoas para que comprem os bilhetes”, afirma. Nesse ritmo, se alguns jogos forem disputados em estádios vazios, já não será surpresa para ninguém. 

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