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Na cerimônia de entrega do 82º Oscar, que acontece no domingo 7, em Los Angeles, com transmissão ao vivo pela Rede Globo e pelo canal a cabo TNT, o telespectador será poupado dos longos e monótonos discursos de agradecimento. Por decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, organizadora do mais importante prêmio do cinema mundial, o tradicional “beijo para o papai, para a mamãe e a titia” será gravado por uma câmera nos bastidores do Kodak Theater, logo após a saída do palco, e esses vídeos serão disponibilizados no site do evento na internet – ou seja, ao vivo não há mais a lista interminável do “eu dedico o prêmio a…”. Essa iniciativa integra um pacote emergencial de mudanças que pretende enxugar a festa e torná-la mais atraente, recuperando a audiência que vinha se esvaziando – há mais de uma década, a premiação não supera o recorde obtido em 1998, ano da consagração de “Titanic”, de James Cameron, quando 55 milhões de pessoas assistiram à entrega das estatuetas pela tevê nos EUA. No ano passado, foram 36 milhões de espectadores. As alterações anunciadas incluem a abolição das apresentações de números musicais montadas para ilustrar as canções indicadas aos prêmios. Pesquisas apontaram que essa parte do evento registrava os índices mais baixos de audiência nos EUA – e também no Brasil, segundo dados do Ibope.

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Na verdade, por trás desses retoques “cosméticos” no formato da festa se esconde um novo conceito para a competição que passa a ter uma orientação mercadológica mais agressiva. Ao aumentar de cinco para dez o número de indicados na categoria de melhor filme, a Academia optou por abranger todos os setores da indústria cinematográfica, que nessa edição inclui desde o milionário blockbuster “Avatar” até a ficção científica meio thrash e de orçamento baixo “Distrito 9”. Esse leque dá o devido valor ao modelo independente de Kathryn Bigelow, ao estilo autoral de Quentin Tarantino e dos irmãos Coen e reconhece a força indiscutível das animações digitais. Com essa estratégia, retoma-se um critério que foi adotado nos primórdios do Oscar e terminou em 1943 (quando o grande vencedor foi “Casablanca”, com Ingrid Bergman e Humphrey Bogart). Para o crítico Pedro Butcher, editor do Filme B, site especializado no mercado cinematográfico, a decisão amplia o enfoque da premiação e isso a torna mais democrática. É certo que privilegiar a variedade torna-se vital para a sobrevivência da indústria, mas ainda assim o Oscar mostra-se voltado para o próprio umbigo: “Nenhum filme estrangeiro entrou na seleção.”

Ao contrário do ano passado, em que tivemos a coprodução britânica e indiana “Quem quer ser um Milionário?” Além de apostar numa segmentação do público, está-se de olho na parcela mais jovem: pela primeira vez, a festa investiu na transmissão virtual, podendo ser acessada em mídias como iPhone e em sites de redes sociais como o Facebook, o Twitter e o MySpace. Toda essa interconectividade e diversificação temática atende ao novo espírito do evento, que também se propõe a ser “mais popular”, segundo o presidente da Academia, Sid Ganis – ou, ao menos, acabar com o jogo de cartas marcadas que sempre assombrou a premiação, ainda hoje um forte mecanismo para turbinar a carreira de um filme.

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