A última pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional de Transportes, fez o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, abandonar o seu plano inicial de seguir numa campanha mais discreta e precipitar o anúncio de que é mesmo candidato à Presidência da República em 2010, disputando internamente o posto com o governador de São Paulo, José Serra. Na pesquisa, Aécio pela primeira vez aparece como provável presidente eleito sendo o candidato do PSDB. Até então, ele perdia sempre para Ciro Gomes, do PSB. Os resultados levaram o governador a entrar de vez no campo da disputa . Até junho, ele quer rodar por 15 Estados e ir pelo menos uma vez a cada uma das 27 unidades da Federação até o final do ano.

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Segundo a pesquisa CNT/Sensus, Aécio teria hoje 32,3% dos votos contra 20,2% de Dilma Rousseff. Embora a vantagem de Serra ainda seja bem maior (53,7% contra 14,5% de Dilma), esses números deram a Aécio uma indicação de que ele já não está mais fora do páreo. “Serra é um nome nacionalmente muito mais conhecido que o de Aécio. Nos últimos dez anos, ele disputou uma eleição presidencial e eleições majoritárias em São Paulo, que sempre recebem a atenção da mídia. Aécio não. Se mesmo nessa situação ele já se coloca como um nome competitivo, imagine o que pode acontecer quando ele se tornar mais conhecido”, raciocina o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), um dos principais cabos eleitorais de Aécio. “Estou no jogo”, avisa Aécio. “E o jogo, qualquer que seja ele, tem de passar por Minas”, completa.

A agenda de viagens que está sendo elaborada tem dois objetivos. O primeiro é buscar reverter o quadro de maior conhecimento de Serra pelos eleitores. Aécio quer criar fatos que o mantenham em constante exposição na imprensa. O roteiro ainda não está montado, mas deve priorizar as regiões Norte e Nordeste, onde Aécio é menos conhecido do eleitorado, mas onde Serra também tem fragilidades. O segundo objetivo é explicitar que o plano de Aécio é mesmo ser candidato à Presidência pelo PSDB, diminuindo a ideia de que ele possa trocar o partido por algum outro. “O que queremos é deixar claro que o PSDB tem mais de um candidato competitivo. Agora, temos que debater outros aspectos, como a capacidade de aglutinar aliados”, explica Castro.

Ao contrário do que vinha fazendo até então, agora Aécio deixará claro que é candidato. E pregará a ideia de um processo amplo de escolha da opção do PSDB em 2010, numa prévia semelhante à que ocorre nos partidos americanos. “Nos Estados Unidos, se a candidatura do Partido Democrata tivesse sido uma decisão de cúpula, o candidato seria Hillary Clinton e não Barack Obama”, raciocina Aécio. O governador de Minas só não inicia as viagens agora por uma questão estratégica. Sabe que o ritmo político cai em todo o País por conta do recesso parlamentar. Aécio esperará, então, que o Congresso Nacional e as assembleias legislativas retomem seus trabalhos em fevereiro para iniciar suas viagens.