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O ANEXO 4B Esboço de Niemeyer mostra o novo edifício da Câmara dos Deputados

Os traços que ilustram esta página são de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer. Eles indicam o que poderá ser o anexo 4B da Câmara dos Deputados. E, para que eles possam sair do papel, nossos parlamentares querem abrir o cofre já em 2009. Se depender da Casa, o conforto e o bem-estar dos deputados estão acima das demandas que a crise econômica poderá exigir. No Orçamento 2009 estão previstas verbas para construção de dois novos prédios. Não bastasse o Anexo 5, de nove andares, destinado a abrigar documentos e todo o acervo de obras de arte, hoje amontoados na biblioteca da Casa, a Câmara pretende colocar na praça em breve o edital para construção de um novo complexo de gabinetes. O anexo 4B terá dez andares, cinco pavimentos no subsolo para garagem, além de lojas, restaurantes e auditórios. Os dois edifícios devem ficar prontos até 2012.

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A obra pode superar R$ 220 milhões,dDaria para construir ou comprar: 
8 mil casas populares 15 mil leitos hospitalares 220 escolas.

Os novos gabinetes não serão nada modestos. Pelo projeto, terão cerca de 60 metros quadrados, 50% maiores do que os localizados no Anexo 4, que atualmente são os mais espaçosos da Câmara. A intenção, confi rma o primeiro- secretário da Casa, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), é proporcionar maior comodidade aos deputados. Hoje, argumenta Serraglio, existem 76 gabinetes parlamentares no Anexo 3 que não possuem sequer banheiros privativos. Embora as salas sejam mais amplas, as instalações do Anexo 4, acrescenta o deputado, também estão deterioradas. “A falta de espaço é evidente. O parlamentar não tem condições de receber nem dez parlamentares em seu gabinete”, explica o primeiro-secretário.

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“Esse é o retrato do Legislativo. Os políticos brasileiros só servem a eles mesmos”

Cláudio Weber Abramo, da Transparência Brasil

A ideia é que os recursos, tanto para o novo complexo de gabinetes quanto para o Anexo 5, venham dos R$ 220 milhões com a venda para o Banco do Brasil da folha de pagamento dos servidores da Câmara. Mas nem Serraglio sabe se o dinheiro será sufi – ciente para cobrir os custos das obras. “Temos que esperar a licitação”, disse. “Talvez a gente tenha que fazer em primeiro lugar o novo prédio de gabinetes e deixar para outro momento o Anexo 5”, ponderou. Para Cláudio Weber Abramo, da Transparência Brasil, que divulga estudos sobre os custos do Congresso brasileiro, trata-se de um gasto “descabido”. “Enquanto o mundo todo está buscando reduzir custos, os nossos parlamentares seguem nessa toada de se locupletarem cada vez mais. Infelizmente é esse o retrato do Legislativo. Os políticos brasileiros só servem a eles mesmos”, diz.