Seus objetos de trabalho eram simples:
uma lousa, giz, alguns cavaletes, papel e canetas. Dentre as poucas exigências, apenas um cesto de papel. As teorias que sobreviveram à enxurrada de folhas lançadas ao lixo renderam a Albert Einstein o Prêmio Nobel e o consagraram como uma das maiores personalidades de todos os tempos. Sua produção, que completa cem anos este ano, revolucionou o pensamento científico. Para quem não se lembra das aulas de física, ele revelou, por exemplo, que a massa é equivalente à energia, que a luz é feita de partículas e que o átomo pode ser partido, liberando uma energia gigantesca. Ok, este foi o pontapé inicial para a invenção da bomba atômica, mas culpá-lo por isso seria o mesmo que condenar Nobel pela dinamite.

O que mais intriga em sua carreira é que, longe dos cálculos, esse gênio era um homem comum. Einstein só pronunciou as primeiras palavras depois dos três anos. Seus pais chegaram a pensar que ele fosse autista ou tivesse deficiência mental. Na escola, ele demorou a escrever. Um de seus professores profetizou que ele jamais teria êxito profissional. De fato, o primeiro emprego só surgiu aos 23 anos e ainda assim por indicação de um amigo de seu pai. O que intriga é: como alguém com esse histórico poderia ser capaz de conceber a Teoria da Relatividade, que revolucionou as pesquisas científicas da atualidade e a nossa compreensão do Universo como um todo?

Para tentar encontrar a resposta, Thomas Harvey, da Universidade de Princeton, nos EUA, chegou a “roubar” o cérebro do físico durante a autópsia, em 18 de abril de 1955. Sua anatomia foi estudada na surdina durante quatro décadas. As conclusões vieram a público mais tarde e o resultado foi surpreendente. Fisicamente, o gênio alemão não era tão diferente da maioria dos mortais.

A descoberta só fez aumentar a rede de especulações. Segundo o físico Ronaldo Mourão, autor de Einstein: de Sobral para o mundo, muitos passaram a duvidar da autenticidade das célebres teorias. “Existe a lenda de que nos manuscritos originais aparecia a assinatura dele e de sua primeira mulher, Mileva Maric”, diz Mourão.

A medida da inteligência – Na lista de mitos também está um teste criado por Einstein, no início do século XIX, para avaliar a capacidade de raciocínio lógico de seus alunos quando ele lecionava em Schaffhausen, na Suíça. O problema envolve cinco homens de nacionalidades diferentes que vivem um ao lado do outro em casas de cores variadas. Cada um deles tem sua bebida, cigarro e animais de estimação preferidos. Não há nenhuma coincidência. A partir de 18 sentenças – do tipo “o dinamarquês bebe chá”, “quem fuma Camel é alemão” ou “o norueguês vive do lado da casa azul” – deve-se dizer quem é o dono do peixe. Consta que só 2% de quem topou decifrar a charada acertou a resposta. “O teste nem é tão difícil, mas o fato de ser creditado a quem é faz com que as pessoas percam horas tentando resolvê-lo”, diz o matemático Oswald de Sousa. “Todo mundo quer saber o que Einstein diria a respeito de sua inteligência”, conclui.

Mas o que explica o fascínio que o físico alemão exerce sobre a humanidade vai além. Quando a Teoria da Relatividade foi publicada, em 1905, começavam a surgir os famosos testes de coeficiente de inteligência (Q.I.). É verdade que Einstein nunca se submeteu a um deles, mas estima-se que seu índice seria de 130, muito baixo para alguém considerado “superdotado” e um dos maiores gênios do século passado. Hoje a psicologia já provou que existem vários tipos de inteligência, como a musical, a pictórica, a lingüística, a espacial, entre várias outras. Mais um ponto para Einstein: até mesmo a inteligência é relativa.

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