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SHOW
Seus desfiles eram espetáculos polêmicos

"Quando você vê uma mulher usando McQueen, há uma certa dureza nas roupas que a faz parecer poderosa. Isso afasta as pessoas. Você tem de ter muita coragem para falar com uma mulher que veste minhas roupas.” O estilista Alexander Mc-Queen tinha plena consciência do poder que emanava de suas criações. Seu talento conferia vigor e expressão às peças, que surgiam na passarela como parte de um espetáculo de design, tecnologia e performance. Esta ousadia, tão necessária a uma indústria que vive de se reinventar, não será mais vista nas próximas Semanas de Moda. Alexander McQueen, 40 anos, foi encontrado morto em seu apartamento em Londres na quinta-feira 11, dias antes de apresentar sua nova coleção. Os indícios são de suicídio. Amigos relatam que ele estava muito deprimido. O estado emocional do estilista era preocupante desde o suicídio da editora de moda Isabella Blow, grande amiga dele, três anos atrás. Foi Isabella quem lançou o estilista no início dos anos 90. A morte da mãe de McQueen, no dia 2 de fevereiro, teria sido o estopim da crise. “Tive uma semana terrível, mas meus amigos têm sido ótimos. Agora tenho que dar um jeito de me reorganizar”, postou em seu Twitter no domingo  7. Queridinho de celebridades como Sarah Jessica Parker, Lady Gaga e Katie Holmes, o estilista influenciou de forma marcante o que as mulheres usaram nos últimos 15 anos, na opinião de Alexandra Shulman, editora da “Vogue” britânica.

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FIM TRÁGICO
Corpo removido de casa: mortes da amiga e da mãe o abalaram

“Ele foi o estilista mais brilhante de sua geração”, diz ela. E trata-se de uma geração de ouro na Inglaterra. McQueen formouse na prestigiada escola de artes e design St Martin, onde também estudaram estrelas como John Galliano e Stella McCartney. A imaginação não tinha limites para McQueen, que flertava com o surrealismo. Roupas e acessórios confeccionados a partir de guarda-chuvas, abajures e rodas, além de referências a Darwin, reciclagem de lixo, sadomasoquismo e fetichismo, surgiam em tom provocativo em seus desfiles. Também gostava de alusões ao cinema e à história. Os filmes “Um Corpo que Cai” e “Os Pássaros”, de Hitchcock, e a rainha da França Maria Antonieta, por exemplo, já serviram de inspiração para suas coleções. Ele soube como ninguém combinar uma alfaiataria de primeira com sua visão dark do mundo. Em sua última coleção exibida em Paris, em outubro passado, o sapato “Armadillo”, uma plataforma altíssima, de 25 cm, na qual algumas modelos se recusaram a subir, foi a polêmica da temporada. A última campanha da marca foi estrelada pela top brasileira Raquel Zimmermann. Filho de um taxista, era o caçula de seis irmãos. Dizia-se a “ovelha rosa” da família por ser abertamente gay desde a juventude. Certa vez, declarou que a primeira imagem de moda que o marcou foi a da Cinderela pregada numa parede do quarto da irmã.

PONTOS ALTOS DA CARREIRA DO ESTILISTA

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McQueen deixou a escola aos 16 anos para trabalhar na tradicional alfaiataria Anderson e Shephard, na Savile Row, que confeccionava os ternos do príncipe Charles e do ex-presidente russo Mikhail Gorbachev. Lá, aprimorou as técnicas de corte e construção de roupas, marcas registradas de seu trabalho. Tornou-se, em 1996, designer-chefe da Givenchy, onde trabalhou por cinco anos. Meses antes do fim do contrato, vendeu 51% da marca Alexander McQueen para a Gucci, grife da qual virou diretor criativo. Desde então, o império McQueen expandiu-se. Possui lojas em Londres, Milão, Nova York, Los Angeles e Las Vegas. Ao longo da carreira, ele ganhou quatro vezes o prêmio de estilista britânico do ano, levou o troféu de designer internacional do ano  pelo Council of Fashion Designers dos Estados Unidos e, em 2003, foi sagrado pela rainha Elizabeth II comandante da Most Excellent Order do Império Britânico (CBE), terceira honraria mais importante do trono inglês. McQueen adorava se definir como um anarquista. Mas, curiosamente, declarou a seus pais que a sensação de cruzar o olhar com a rainha foi a de se apaixonar. Debaixo da aura de bad boy, habitava um romântico.

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