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GRINGO
Jhonathan Longi: ele não pisa no Brasil desde os 3 anos

Nos próximos dias, enquanto os atletas brasileiros continuarão a sofrer com as altas temperaturas que castigam o País, um grupo de cinco competidores encapotados dos pés à cabeça estará representando o Brasil no gelo. São os nossos atletas nos Jogos Olímpicos de Inverno, que acabam de começar em Vancouver, no Canadá, onde a neve é abundante e a temperatura não passa de oito graus. Nesse cenário branco, eles participarão de três modalidades esportivas. Dois novos integrantes são radicados no Exterior e mal conhecem a terra natal. Na verdade, um deles, Jhonathan Longi, nascido em Americana (SP), nunca mais pôs os pés aqui desde que foi adotado aos 3 anos por uma família italiana. Apesar disso, diz se identificar  com o País. “Eu me sinto mais brasileiro que italiano”, afirma Longi, 21 anos, numa mistura de português com espanhol. A outra “estrangeira” é Maya Harrison, 17 anos, responsável pela melhor marca brasileira no ski alpino e uma das mais jovens de toda a Olimpíada. Ela é carioca e também foi adotada. Uma família francesa a levou para a França, onde vive hoje. Voltou ao País apenas uma vez para estudar português. “Sinceramente não conheço muito do Brasil, gostaria de saber mais”, disse ela à ISTOÉ, em inglês. “Mas estou orgulhosa de competir pelo meu país.” Além dos dois, Isabel Clark, Leandro Ribela e Jaqueline Mourão também defenderão as cores verde e amarela. Em número de integrantes, é a 39ª delegação entre as 80 que estão em Vancouver,  à frente de países  onde neva, como Argentina e Chile – cada um só levará três atletas.

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DUO
Jaqueline Mourão

Ao todo serão 5.500 competidores. Ribela, que vai correr a prova de ski cross country, tem uma explicação simples para quem não entende como um brasileiro opta por praticar um esporte gelado. “Sinto paixão pelo esqui e pela neve”, sintetiza. O atleta acredita até mesmo que os torcedores brasileiros possam se apaixonar por esse tipo de competição. “Por que não? O cross country é um esporte de resistência muito exigente, como a corrida ou o ciclismo”, diz ele, que será o primeiro a competir, na segunda-feira 15.  A carioca Isabel, 33 anos, é uma das principais esperanças do Brasil. Nos Jogos anteriores, em Turim, em 2006, Isabel obteve o melhor resultado brasileiro de todos os tempos: o 9º lugar no snowboard. Ela diz que a maior dificuldade foi aprender a técnica do esporte em pouco tempo. “Nossas adversárias praticamente nasceram com esquis nos pés e eu vi neve pela primeira vez com 27 anos”, explica. A quinta participante da equipe é a mineira Jaqueline, na modalidade ski cross country. Para treinar suas manobras, ela desceu várias vezes de esqui as dunas do litoral cearense. Jaqueline se diz preparada. “No começo fiquei assustada com a descida, mas agora estou mais à vontade.” Nos Jogos de Turim, ao mesmo tempo que chamou a atenção pela excelente colocação de Isabel, a delegação virou motivo de piada por conta da prova de bobslead (espécie de trenó deslizante).

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DUO
Isabel Clark

Com a participação de Claudinei Quirino, ex-corredor que tentou se adaptar à neve, o trenó virou. Quirino teve de ser hospitalizado e a equipe brasileira ganhou o apelido de “bananas congeladas”, graças à cor amarela do uniforme. Agora, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos da Neve, Stefano Arnhold, espera que os resultados sejam melhores.  “Investimos na contratação detécnicos estrangeiros e em tecnologia”, diz ele. Para Stefano, não há incompatibilidade entre a neve e nossos compatriotas. “Não existe praia na Suíça e o país tem uma das melhores duplas de vôlei de praia. A Holanda não tem neve e é campeã de snowboard”, diz. Aos torcedores, os atletas brasileiros garantem, no mínimo, uma incondicional dedicação ao esporte.

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