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Com a prisão do governador José Roberto Arruda, a capital federal mergulhou numa enorme incerteza em relação ao seu futuro político. Por enquanto, será administrada pelo vice-governador Paulo Octávio (DEM), que, por ironia do destino, é casado com uma neta do presidente Juscelino Kubitschek, o fundador da cidade. Acontece que a permanência de Paulo Octávio no cargo também não é certa. Paira sobre seu mandato-tampão o pedido ao STF de intervenção federal do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ele argumenta que “há uma organização encastelada no governo do Distrito Federal com indícios de um esquema criminoso”. Ou seja, toda a linha de sucessão de Arruda estaria contaminada. Paulo Octávio ou o interventor federal terá passagem fugaz pelo comando do DF. Em outubro, o destino da cidade estará nas mãos dos eleitores. “A população de Brasília ficou profundamente magoada com esses acontecimentos. Foi exposta injustamente perante o País e está doida para virar essa página”, afirma o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB). Paradoxalmente, as pesquisas hoje apontam o favoritismo do ex-governador Joaquim Roriz, que renunciou ao Senado em 2007 para não ser cassado. Não se sabe, porém, se ele levará sua candidatura até o fim. Durval Barbosa, o homem que denunciou o esquema Arruda, foi presidente da Companhia de Desenvolvimento do Plano Central e secretário de Transportes do governo Roriz. E revelou, em depoimentos à PF, que a corrupção teve início na gestão anterior. “Tenho esperança que se formará uma grande unidade em defesa de Brasília que não vai permitir a volta do Roriz”, afirma o deputado Geraldo Magela (PT-DF). Rollemberg também destaca que “chegou a hora de aposentar  esse grupo político”.

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Caso a candidatura do ex-governador seja implodida e as forças que deram sustentação ao governo Arruda tentem sobreviver, poderiam lançar o nome de Paulo Octávio ou do senador Gim Argello (PTB), que era exatamente o suplente de Roriz. Argello anuncia aos quatro cantos que é candidato ao governo do DF, aconteça o que acontecer. Tudo indica, porém, que a oposição está com a faca e o queijo na mão. Uma das opções dos eleitores será exatamente Geraldo Magela, que perdeu a eleição de 2002 para Roriz, no segundo turno. Ele disputa a indicação em seu partido com o ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que trocou o PCdoB pelo PT em 2008. A situação é indefinida, nenhum dos dois abre mão da candidatura e o partido está dividido. Outra alternativa é o ex-governador do DF Cristovam Buarque, hoje senador pelo PDT. Por mais que diga que tentará a reeleição para o Senado, Cristovam é apontado como um exemplo de retidão, capaz de devolver a credibilidade à política local. Mas também traz no currículo uma derrota para Roriz, o que o deixou marcado. Se não se candidatar, o PDT tem na manga outra carta: o deputado distrital José Reguffe. Cresce também a ideia de lançar uma chapa única dos partidos de oposição, mas isso é sempre mais difícil. Importante, como diz a deputada distrital Erica Kokay, “é eleger um governo que reponha Brasília no caminho da ética e da moralidade”.